Dieta mediterrânea não apresenta melhores desfechos em pacientes cardiopatas

Postado em 9 de outubro de 2019 | Autor: Marcella Gava

Os participantes realizaram MedDiet ou DPG durante 6 meses e, nesse período, realizaram 2 consultas nutricionais presenciais e 5 consultas por telefone

Foi realizado estudo para determinar o efeito da dieta mediterrânea (MedDiet) em comparação a dieta pobre em gorduras (DPG) na adiposidade, adiponectina, marcador de estress oxidativo malondialdeído, e marcadores tradicionais de risco cardiovascular, e se uma melhora no escore de adesão a dieta mediterrânea estaria associado com melhora destes marcadores de risco. Para isso, foi realizado um estudo multicêntrico, paralelo, randomizado controlado que selecionou e acompanhou 65 pacientes cardiopatas de um serviço hospitalar por 12 meses. Os participantes realizaram MedDiet ou DPG durante 6 meses e, nesse período, realizaram 2 consultas nutricionais presenciais e 5 consultas por telefone. Ambas as dietas eram sobre livre demanda. Foi realizada análise da ingestão alimentar, antropometria, avaliação da composição corporal, nível de atividade física, pressão sanguínea e marcadores cardiometabólicos.

No grupo MedDiet o consumo de azeite de oliva, frutas, iogurte, oleaginosas, legumes e frutos do mar aumentou enquanto o consumo de carnes vermelhas e processadas diminuiu durante a intervenção. Não houve alterações no consumo alimentar no grupo DPG. Não houve alteração no nível de atividade física durante o estudo em ambos os grupos. Em relação a antropometria e composição corporal, houve apenas redução significativa  no tecido adiposo subcutâneo no MedDiet em comparação com participantes de dieta com baixo teor de gordura (p <0,04), mas não houve alteração no tecido adiposo visceral (TAV) em nenhum dos grupos. Não houve alterações entre os grupos para nenhum dos marcadores hemodinâmicos, colesterol, glicose, adiponectina, e malondialdeído. Houve uma redução significativa na FC em repouso nos grupos de estudo (p <0,03), com uma tendência de maior redução na MedDiet. Os participantes foram agrupados em tercis conforme adesão à dieta MedDiet, e comparados ao T1, os participantes do T3 tiveram obtiveram maior redução dos valores antropométricos (circunferência da cintura e razão cintura quadril), mas os marcadores cardiometabólicos não se alteraram entre os tercis.

Assim, os autores concluíram que nem a dieta mediterrânea nem a dieta pobre em gorduras foram capazes de melhorar os níveis de adiponectina ou marcadores cardiovasculares. Uma maior adesão à MedDiet foi associado à redução da circunferência da cintura. No entanto, isso associou-se à menor área de TAS e não de TAV, o que foi inesperado e pode explicar a falta de efeito significativo sobre os marcadores de risco cardiometabólicos.

 

Referência:

Mayr HL et al. Ad libitum Mediterranean diet reduces subcutaneous but not visceral fat in patients with coronary heart disease: A randomised controlled pilot study. Clin Nutr ESPEN. 2019 Aug;32:61-69.

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