Estudo publicado no The American Journal of Clinical Nutrition sugere que dieta pobre em produtos de glicação avançada (AGEs, do inglês, advanced glycation end-products) podem reduzir o risco de diabetes tipo 2 aumentando a sensibilidade à insulina.
Trata-se de um estudo duplo-cego, randomizado, cruzado que contou com 20 participantes (6 mulheres e 14 homens). Todos os participantes foram submetidos a duas dietas; uma dieta continha um baixo conteúdo de AGEs, e a outra dieta, um alto teor de AGEs (típico de uma dieta ocidental moderna). Os participantes começaram o estudo após um período de 2 semanas durante o qual eles consumiram suas dietas habituais, mas com limitação de álcool, fast food e ingestão de café.
Os alimentos que têm sido descritos com altas concentrações de AGEs são aqueles ricos em gorduras, como manteiga e margarina, carnes e queijos (especialmente o queijo parmesão), produtos industrializados, como cereais matinais, biscoitos e batatas do tipo chips ou fast food.
Dez participantes receberam a dieta pobre em AGE primeiro (grupo 1), seguido pela dieta rica em AGE, e os outros 10 participantes receberam primeiro a dieta rica em AGE, seguida pela pobre em AGE (grupo 2). As dietas foram consumidas durante 2 semanas e eram separados por um período de intervalo de 4 semanas (durante o qual consumiram sua dieta habitual).
No início e no final de cada período de dieta, foram realizados um clamp euglicêmico hiperinsulinêmico (método padrão ouro utilizado para avaliar a resistência à insulina) e um teste de tolerância à glicose intravenosa. Foram avaliadas as concentrações dietética, plasmática e urinária de AGEs e de seus produtos carboximetil lisina (CML), carboxietil lisina (CEL) e derivados de metilglioxal (MG-H1) através da técnica de espectrometria de massa.
Durante a dieta pobre em AGEs, os participantes apresentaram uma quantidade circulante de CML, CEL e MG-H1, menor do que no período em que consumiram a dieta rica em AGE (p<0,05). Os resultados também demonstraram uma relação inversa entre a quantidade circulante de AGEs e sua excreção na urina.
Houve uma diferença na sensibilidade à insulina entre as dietas (p=0,001). A sensibilidade à insulina aumentou após a dieta pobre em AGE (p = 0,004), enquanto que demonstrou uma tendência para diminuir após a dieta rica em AGE (p=0,086). Não houve diferença no peso corporal ou na secreção de insulina entre as dietas.
“Uma dieta pobre em AGEs pode reduzir o risco de diabetes tipo 2 aumentando a sensibilidade à insulina”, concluem os autores. “Por isso, uma restrição no conteúdo AGE dietético pode ser uma estratégia eficaz para diminuir os riscos de diabetes e doenças cardiovasculares em indivíduos com excesso de peso”, afirmam.
Referência (s)
de Courten B, de Courten MP, Soldatos G, Dougherty SL, Straznicky N, Schlaich M, et al. Diet low in advanced glycation end products increases insulin sensitivity in healthy overweight individuals: a double-blind, randomized, crossover trial. Am J Clin Nutr. 2016 [Epub ahead of print].