Gestantes pesco-vegetarianas também foram incluídas nessa pesquisa
Dietas vegetarianas têm ganho uma popularidade considerável em vários países, porém, quando o assunto é vegetarianismo na gestação, surgem muitas questões e receios. Pensando nisso, um estudo buscou analisar as consequências dessa dieta para a mãe e o bebê.
A pesquisa usou dados de 1948 gestantes de baixo risco do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Estudos de Desenvolvimento Fetal “Eunice Kennedy Shriver”. Essa coorte prospectiva incluiu quatro etnias de mulheres estadunidenses (branca, negra, hispânica e asiática) entre 2009 e 2013. E para certificar-se do padrão alimentar vegetariano utilizou-se um questionário de frequência alimentar autoadministrado no primeiro trimestre da gestação.
Quanto aos resultados dos neonatos, foram coletados peso ao nascer, medidas antropométricas, risco de nascimento prematuro, tamanho de acordo com a fase gestacional e tamanho considerado pequeno com morbidade neonatal. Enquanto para os desfechos maternos foram analisados ganho de peso na gestação, anemia, desordens de pressão e desenvolvimento ou não de diabetes gestacional.
Definiu-se o padrão vegetariano como sendo: “vegetarianas completas” mulheres que nunca comeram carne, frango e peixe, ou comeram esses alimentos menos de uma vez por mês; “pesco-vegetarianas” mulheres que comem carne e aves menos de uma vez por mês, mas não têm restrição de peixe; e “semi-vegetarianas” mulheres que comiam carne, frango e peixe mais de uma vez por mês, mas menos de uma vez por semana. O grupo de vegetarianas completas também incluiu veganas, não estratificando ainda mais esse grupo devido ao pequeno tamanho da amostra.
Entre as 1948 mulheres, 98 delas autodeclararam-se vegetarianas (6,2%), sendo 32 vegetarianas ovo-lacto-vegetarianas ou veganas, 7 pesco-vegetarianas e 301 semi-vegetarianas. As gestantes que tinham alimentação considerada vegetariana completa, tinham maior chance de ganho de peso inadequado no segundo trimestre gestacional.
Sobre os recém-nascidos, quando filhos de vegetarianas completas, tinham maior chance de serem pequenos para a idade gestacional, mas não de serem pequenos para a idade gestacional com morbidade pós-natal.
Apesar desses resultados, um resultado favorável foi que as vegetarianas, neste estudo, não exibiram um risco aumentado de anemia gestacional – uma das principais causas de morbidade materna que foi previamente associada a dietas vegetarianas devido à falta de ferro heme.
O estudo concluiu que dietas vegetarianas estão associadas a recém-nascidos menores, porém ressalta que análises que combinam o status de vegetarianismo de longo prazo antes da gravidez junto com a dieta durante a gestação podem adicionar mais informações para que seja possível compreender a trajetória dessa dieta para a saúde. Essa pesquisa comprova, então, a necessidade da orientação e acompanhamento nutricional na gestação, destacando-se as gestantes que aderem aos diferentes tipos de vegetarianismo.
A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
Referência
Yisahak SF, Hinkle SN, Mumford SL, et al. Vegetarian diets during pregnancy, and maternal and neonatal outcomes. Int J Epidemiol. 2021;50(1):165-178. doi:10.1093/ije/dyaa200
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