Pesquisa publicada na revista The New England Journal of Medicine (NEJM) demonstrou que os níveis de glicose sanguínea (glicemia) mais elevados podem ser um fator de risco para o desenvolvimento de demência, em indivíduos diabéticos e não diabéticos.
Trata-se de um estudo prospectivo que teve o objetivo de testar a hipótese de que os níveis de glicose sanguínea estão associados com o risco de demência. Para isso, os pesquisadores avaliaram 2.067 indivíduos sem demência, sendo 839 homens e 1.228 mulheres com idade média de 76 anos. Do total dos participantes, 232 eram diabéticos e 1.835 não eram diabéticos.
Para a inclusão no estudo os participantes tiveram pelo menos cinco medições de glicemia e/ou de hemoglobina glicosilada (HbA1c) ao longo de dois ou mais anos antes da entrada no estudo. Os pacientes foram convidados a retornar em intervalos de 2 anos com a finalidade de identificar os casos incidentes de demência.
A média de acompanhamento dos pacientes foi de 6,8 anos. Nesse período, 524 participantes desenvolveram demência, dos quais 74 eram diabéticos e 450 não tinham diabetes. Entre os participantes sem diabetes, aqueles com glicemia média de 115 mg/dL apresentaram maior risco de desenvolvimento de demência do que os participantes com os níveis de 100 mg/dL (p= 0,01).
Entre os participantes com diabetes, os níveis mais elevados de glicose sanguínea (190 mg/dL) também foram relacionados a um risco aumentado de demência (p= 0,002), quando comparados com indivíduos que tinham os níveis médios de 160 mg/dL.
“Com o envelhecimento da população, a demência tornou-se uma grande ameaça à saúde pública mundial. A taxa de obesidade também está aumentando, com um aumento paralelo de indivíduos com diabetes. Os resultados dos estudos que avaliaram a associação entre obesidade ou diabetes e o risco de demência ainda não eram conclusivos”, comentam os autores.
“Estes dados, portanto, sugerem que níveis mais elevados de glicose podem ter efeitos deletérios sobre o envelhecimento cerebral. Com isso, nossos resultados sugerem a necessidade de intervenções efetivas, que possam contribuir para a redução da glicemia elevada”, concluem.
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Referência (s)
Crane PK, Walker R, Hubbard RA, Li G, Nathan DM, et al. Glucose levels and risk of dementia. N Engl J Med. 2013;369(6):540-8.