Intervenção ambulatorial nutricional pré-operatória

Postado em 5 de janeiro de 2020 | Autor: Marcella Gava

Entenda como o INEA é uma intervenção viável e eficaz para pacientes ambulatoriais

Estudo avaliou a viabilidade e eficácia do protocolo Intervenção Nutricional e de Enfermagem Ambulatorial (INEA) que fora desenvolvido para melhorar o estado nutricional do paciente antes da sua admissão hospitalar. Para isso, realizou-se um estudo multicêntrico com recrutamento de pacientes que seriam submetidos a cirurgia, maiores de 18 anos e com risco nutricional avaliado pelo MUST.

Os pacientes foram randomizados em grupo controle, ao qual foram aplicados os cuidados usuais do serviço, como triagem pelo MUST e intervenção nutricional para os pacientes em risco nutricional (MUST ≥2) e grupo intervenção, no qual foi aplicado o INEA que contem cinco componentes: determinação da causa do risco nutricional, elaboração de um plano de cuidado nutricional, monitoramento – pelo próprio paciente – da ingestão de nutrientes e dos hábitos alimentares, aconselhamento e encorajamento nutricional, e consulta de acompanhamento. Os participantes receberam 7 dias de intervenção antes da operação. O estado nutricional foi avaliado a partir da ingestão nutricional, peso, risco nutricional pelo MUST e IMC.

Foram incluídos no estudo 152 pacientes, sendo que 43% (67) fizeram parte do grupo intervenção INEA. A maioria eram mulheres (70%) com idade média de 50 anos. A cirurgia mais realizada foi a ortopédica (53%) e 37% dos pacientes apresentaram alto risco nutricional (MUST 2). A ingestão calórica e proteica no grupo INEA foi 2417 kcal e 94,8 g proteínas por dia, enquanto no grupo controle estes números foram significativamente menores, com um déficit de 870 kcal e 34,1 g proteínas (p<0,000). As necessidades calóricas foram mais facilmente atingidas que as proteicas (43% versus 28% dos pacientes), sendo que 74% dos pacientes do grupo INEA atingiram suas calorias contra 17% do grupo controle (p<0,000) e 52% do grupo INEA contra 8% no grupo controle atingiram suas necessidades proteicas. Não foram encontradas diferenças no peso e IMC entre os grupos. Dos pacientes avaliados pelo MUST, 48% reduziram seu risco nutricional, sendo que os escores do MUST bem como essa redução foram semelhantes entre os grupos.

Dessa maneira, os autores concluíram que o INEA é uma intervenção viável e eficaz para pacientes ambulatoriais, melhorando o alcance das necessidades calóricas e proteicas dos pacientes através de uma maior ingestão alimentar em indivíduos com risco nutricional/desnutridos.

Referência:

van Noort HHJ et al. An Outpatient Nursing Nutritional Intervention to Prehabilitate Undernourished Patients Planned for Surgery: a Multicentre, Clusterrandomised Pilot Study. Clinical Nutrition, nov 2019.

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