O consumo de proteína segundo indicado pela RDA parece não ser suficiente para idosos
Atualmente, além do crescente número de idosos no mundo, nota-se também que estes têm vivido mais. O aumento da expectativa de vida resulta em maior incidência de doenças crônicas e a alimentação torna-se um importante fator de risco modificável para o desenvolvimento e tratamento de uma série de doenças relacionadas à idade. Entre os vários nutrientes importantes nessa fase, a proteína ganha destaque, uma vez que o consumo adequado está relacionado com a prevenção da perda de massa muscular e de outros desfechos negativos, como queda e imobilidade física.
Mendonça e colaboradores, com a intenção de investigar se a maior ingestão de proteína, sozinha ou em combinação com atividade física (AF), é protetora contra a perda de função física, avaliaram dados de 5.725 idosos, participantes de 4 grandes estudos observacionais prospectivos longitudinais. Foram reunidas informações sociodemográficas, de consumo alimentar, de atividade física, velocidade de marcha, limitação de mobilidade e mortalidade e os participantes foram acompanhados durante intervalo de tempo que variou de 3 a 20 anos.
Os participantes tinham em média 75 anos, 53% eram mulheres (n=3035), no início do estudo os participantes apresentaram ingestão proteica entre < 0,8 a ≥1,2 g de proteína/kg/dia e os grupos de ingestão de proteínas eram de idade semelhante.
Com relação ao consumo de proteína, os pesquisadores observaram que idosos que consumiam <0,8g de proteína/kg/dia apresentaram menor velocidade de marcha; maior risco de limitação da mobilidade e 36,7% deles tinham baixa atividade física. Já os idosos com consumo de proteína ≥1,2 g/kg/dia, tinham velocidade de marcha mais rápida, menor risco de limitação de mobilidade e 29,6% apresentaram baixa atividade física. O grupo que comia mais proteína também apresentou declínio mais lento na velocidade de marcha ao longo dos anos. Quando se observa a combinação de consumo de proteína e atividade física, não houve interação com a transição da mobilidade, porém, aqueles com consumo de proteína ≥1,2 g/kg/dia tinham uma probabilidade menor de limitação de mobilidade incidente, com uma probabilidade 43% menor de ter dificuldade, por exemplo, para subir escadas.
Assim, os autores concluem que a maior ingestão diária de proteínas pode reduzir o declínio da função física não apenas em idosos com ingestão de proteínas abaixo da RDA atual de 0,8 g/kg/dia, mas também naqueles com uma ingestão de proteínas que já é considerada suficiente 1,0g/kg/dia.Sendo que o consumo de proteína ≥1,2 g/kg/dia está associado a menor declínio de função física.
A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
Referência
Mendonça N, Hengeveld LM, Visser M, Presse N, Canhão H, Simonsick EM, Kritchevsky SB, Newman AB, Gaudreau P, Jagger C. Low protein intake, physical activity, and physical function in European and North American community-dwelling older adults: a pooled analysis of four longitudinal aging cohorts. Am J Clin Nutr. 2021 Apr 7:nqab051. doi: 10.1093/ajcn/nqab051. Epub ahead of print. PMID: 33829238.
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