AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM PACIENTES SUBMETIDOS À QUIMIOTERAPIA: COMPARAÇÃO ENTRE A AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL E AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL PRODUZIDA PELO PACIENTE

Postado em 3 de agosto de 2005 | Autor: M. Cristina G. B. e Silva

Co-autores: M. Cecília F. Assunção; Silvana I. Paiva; Aluísio J.D. Barros; Denise Halpern Silveira.

INTRODUÇÃO: A avaliação subjetiva global (ASG) é um método tradicionalmente utilizado para a avaliação dos pacientes hospitalizados. Como esta avaliação foi originalmente desenvolvida para uso em pacientes cirúrgicos, várias adaptações tem sido desenvolvidas para uso em diversas situações clínicas. Uma delas, a avaliação subjetiva global produzida pelo paciente (ASG-PPP), foi especialmente construída para atender as características especiais do paciente oncológico. A principal diferença da ASG-PPP é que parte dela é respondida pelo próprio paciente, sendo que apenas a avaliação do estresse metabólico e o exame físico são realizados pelo profissional. Outra característica desta avaliação é que o diagnóstico final não é feito de uma maneira totalmente subjetiva, como a ASG. As respostas são pontuadas, e através de pontos de corte estabelecidos, o paciente não será diagnosticado segundo seu estado nutricional, mas sim, segundo a sua necessidade de intervenção nutricional. Esta necessidade vai levar em consideração não apenas a perda de peso e exame físico, mas também a presença de sintomas e fatores de estresse presentes nos pacientes oncológicos.

OBJETIVO: Comparar os resultados da ASG com a ASG-PPP numa população de pacientes submetidos à quimioterapia, através de uma versão traduzida da original de Ottery.

MÉTODOS: Pacientes submetidos à quimioterapia foram avaliados através da ASG e da ASG-PPP no momento do 1o ciclo de quimioterapia. Foi utilizada a ASG segundo Detsky, 1987 e a ASG-PPP traduzida segundo Ottery, 2001. Por esta técnica, os resultados são pontuados e valores >= 9 indicariam necessidade de intervenção nutricional. Os questionários foram aplicados por uma nutricionista treinada para ambos os métodos. Os dados foram analisados no programa STATA versão 8.0.

RESULTADOS: A amostra constou de 121 pacientes, sendo 68% do sexo feminino. A idade média foi de 57,1 ± 13,2 anos. Segundo a ASG, 66% foi considerada bem nutrida, 29% com desnutrição moderada e 5% com desnutrição grave. Segundo a ASG-PPP, o valor médio foi de 9,5 ± 6,9 pontos, sendo que 44% apresentaram pontuação igual ou superior a 9, indicando necessidade de intervenção nutricional. Todos os pacientes considerados nutridos pela ASG tiveram pontuação pela ASG-PPP inferiores a 9 (6.2 ± 0,5; variando de 5,1 a 7,2). Aqueles considerados moderadamente desnutridos tiveram valores médios da ASG-PPP de 13,9 ± 0,8, variando de 12,3 a 15,5. Os pacientes desnutridos graves tiveram pontuação média de 25,8 ± 1,8, variando de 22,3 a 29,4 pontos. Usando as técnicas conjuntamente, mesmo os pacientes considerados desnutridos moderados teriam indicação de intervenção nutricional, seja no manuseio dos sintomas ou na modificação da dieta.

CONCLUSÃO: A utilização da ASG-PPP em pacientes oncológicos tem a vantagem de identificar os pacientes que necessitam de intervenção nutricional precocemente. Por se tratar de uma maneira mais objetiva que a ASG e levar em consideração as características peculiares desta população, este método deve ser usado preferencialmente em pacientes oncológicos. Comparando com a ASG, a ASG-PPP mostrou concordância na identificação dos pacientes em maior risco nutricional (validação convergente).

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