ORIENTAÇÃO DIETÉTICA PARA PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA (IRC) EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO

Postado em 3 de agosto de 2005 | Autor: Maruska Dias Soares

Co-Autores: Ana Paula Martone, Gislene Nantes, Indira Aguillera, Letícia Freire Tenutta.

Instituição: Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e Centro de Hemodiálise da Associação Beneficente de Campo Grande – Santa Casa.

A Insuficiência Renal Crônica (IRC) pode ser definida como uma complexa síndrome que se caracteriza pela perda lenta, progressiva e irreversível das funções renais. A capacidade renal de excreção e regulação da água corporal, minerais e compostos orgânicos necessita ser substituída em pacientes com IRC através de um tratamento dialítico, sendo a Hemodiálise, o mais utilizado. Este procedimento consiste no estabelecimento de uma circulação extracorpórea do sangue, através de uma fístula artério-venosa, criada cirurgicamente, permitindo a troca de solutos entre o plasma urêmico e o banho de diálise. Normalmente são necessárias de 2-3 sessões de hemodiálise por semana, com duração média de 4 horas, em dias intercalados. As condições catabólicas impostas pela hemodiálise, como maior perda protéica, retenção de potássio e fósforo, e a baixa ingestão de cálcio podem interferir no estado nutricional desses pacientes, aumentando consideravelmente a possibilidade de desnutrição e risco elevado de mortalidade neste grupo. Devido a estes aspectos objetivou-se delinear o perfil do tratamento dialítico e do estado nutricional dos pacientes atendidos no Centro de Hemodiálise da Associação Beneficente Santa Casa de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, no período de março a maio de 2005, para o estabelecimento de orientações dietoterápicas pertinentes ao grupo. Aplicou-se um questionário semi-estruturado, com questões de identificação e sócio-econômicas, motivo da falência renal, tempo de tratamento, doenças associadas e avaliação do índice de remoção da uréia (Kt/V), que avalia a adequação do procedimento dialítico, além de dados sobre o estado nutricional obtidos através do Índice de Massa Corporal (IMC), usando-se o peso pós-hemodiálise (“peso seco”). Em seguida todos os pacientes receberam orientações dietéticas individuais de acordo com seu perfil. De 30 pacientes atendidos no setor 14 (46,7%) receberam o plano alimentar. A maioria pertence ao sexo masculino (78,6%) e idade média de 43,7 anos. A ocupação exibiu valor semelhante para aposentados e autônomos (35,7%) e renda de 1-3 salários-mínimos (50%). Prevaleceu a Nefropatia Hipertensiva (35,7%) como causa da IRC, tempo de tratamento entre 6-36 meses (42,8%) e uso predominante de medicamentos anti-hipertensivos (71,4%). O Kt/V da maioria estava maior que 1.2 (42,8%), considerado adequado segundo Cuppari (2002) e Riella;Martins (2001). De acordo com o diagnóstico, pelo IMC, a maioria (35,7%) apresentava desnutrição moderada, com igual valor para eutróficos e obesos (28,6%). Os planos nutricionais propostos seguiram as recomendações para pacientes com IRC em hemodiálise, sugeridas por Cuppari (2002), exibindo média calórica de 2.140 calorias/dia ou 34kcal/kg/dia usando-se o peso médio encontrado no grupo (63kg). A média protéica oferecida foi de 74,2g (13,8% valor calórico total da dieta – VCT) ou 1,2g proteínas/kg/dia. Outros nutrientes importantes no plano alimentar do indivíduo com IRC em hemodiálise seguiram as recomendações propostas por Riella;Martins (2001) e apontaram médias de adequação de 76% para o sódio, 58,7% para potássio, 39% para o cálcio e 57,3% para o fósforo. Assim, torna-se de fundamental importância, a orientação e acompanhamento nutricional desses pacientes para melhor ajuste do tratamento hemodialítico e uso seguro das suplementações nutricionais neste grupo.

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