O cuidado de pessoas ostomizadas deve ser amplo, envolvendo diversos profissionais da saúde
Em condições graves decorrente de situações como o câncer, traumas e infecções, a ostomia ou estomia é necessária para a melhora do quadro de saúde e manutenção da vida do paciente.
Mas o que é a ostomia?
A ostomia é um procedimento cirúrgico, que consiste na abertura de um pequeno orifício entre o órgão interno para o meio externo, permitindo a exteriorização do conteúdo interno, sendo realizado no sistema respiratório, sistema digestório e no sistema urinário, podendo ser temporárias ou permanentes.
Podem ser separadas de acordo com a seguinte classificação:
- Ostomia de respiração, representada pela traqueostomia;
- Ostomia de alimentação, comum na Terapia Nutricional (TN) podendo ser a gastrostomia e jejunostomia;
- Ostomia de eliminação, onde ocorre à eliminação de fezes e/ou urina, por meio de uma colostomia, ileostomia ou urostomia.
Entretanto, a mais comum é a colostomia e/ou a ileostomia, em que o paciente recebe a bolsa de colostomia, ou popularmente denomina de bolsa de fezes, que é acoplada a abertura criada no abdômen, assim recebendo as fezes produzidas pelo paciente.
Complicações da ostomia
Apesar de ser uma estratégia que visa contribuir com a melhora do quadro do paciente, podem ocorrer diversas complicações devido à falta de adaptação do paciente, infecções, deslocamento de sonda (comum na gastrostomia), hemorragia e até a morte se não cuidado corretamente.
Sendo assim, a atenção e o cuidado psicológico, nutricional, físico e social a esses pacientes são fundamentais para minimizar complicações e promover uma melhor qualidade de vida.
Cuidados para pacientes com ostomia
A partir do decreto n. 5.296, de 2 de dezembro de 2004, pessoas com ostomia são consideradas como “deficientes físicos”, devido às limitações impostas pela condição do paciente. Assim, os cuidados a esses indivíduos devem ser amplo e global, envolvendo toda equipe de multiprofissional.
Tanto a família quanto os profissionais envolvidos devem focar na reabilitação desses pacientes na sociedade, proporcionado uma melhor qualidade de vida e adaptação a sua realidade.
Os cuidados variaram de acordo com o tipo de procedimento realizado, mas os profissionais deve sempre orientar sobre o manejo das bolsas, a higiene e limpeza, e até a alimentação. Abaixo podemos ver algumas orientações nutricionais:
Acompanhamento nutricional
A nutrição tem um importante papel tanto na pré-ostomia quanto no pós-ostomia, ou seja, o acompanhamento nutricional é fundamental para prevenir e corrigir deficiências que possam impactar negativamente na reabilitação do paciente.
Nas ostomias de alimentação, após a realização da cirurgia, a alimentação deve ser iniciada precocemente para evitar deterioração das funções nutricionais, considerando algumas recomendações:
- Se atentar ao volume oferecido, se preciso fracionar as refeições, a fim de evitar complicações como diarreia, vômito e o refluxo;
- Se possível adotar bombas de infusões e oferecer a dieta enteral em temperatura ambiente;
- Em casos de constipações aumentar a ingestão de fibras por meio da fórmula escolhida.
Saiba mais no episódio de “E na prática, como faz? Prescrição de dieta enteral”.
Já nas ostomias de eliminação, algumas orientações dietéticas devem ser passadas ao paciente ou cuidador, como:
- A ingestão de água deve ser em torno de 8 a 10 copos/dia de 200 ml para compensar as perdas hídricas;
- Evitar alimentos que possam causar desconfortos como gases, odor forte, diarreia e constipação;
- Após o período de restrição alimentar devido a cirurgia, as refeições devem ser balanceadas e fracionadas em 6 refeições ao dia;
- Evitar alimentos riscos em gorduras e carboidratos simples, como os doces;
- No caso da ileostomia o paciente pode sofrer de uma má absorção de vitaminas e mineras, sendo aconselhável a prescrição de suplementos que possam melhorar o quadro.
Atenção básica a saúde para pessoas com ostomia
Sabendo da importância do cuidado e atendimento a esses pacientes, o Ministério da Saúde publicou recentemente o “Guia de atenção à saúde da pessoa com estomia”, que visa promover uma padronização no atendimento as pessoas ostomizadas, proporcionando conhecimento e orientações para um melhor acompanhamento.
Confira na íntegra clicando aqui
Referência
Guia de atenção básica à saúde da pessoa com estomia – Ministério da Saúde, 2021.
BARBUTTI, Rita Cristina Silva; SILVA, Mariza de Carvalho Póvoas da; ABREU, Maria Alice Lustosa de. Ostomia, uma difícil adaptação. Rev. SBPH, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, p. 27-39, dez. 2008.
NASCIMENTO, Gisele Ferreira de Barros do; CAMPOS, Jamilie Suelen dos Prazeres. Manual de orientação nutricional para pacientes ostomizados. BRASPEN, São Paulo, v. 33, n. 3, p. 248-70, mar. 2018.
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Nutricionista. Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN. Especialização em Fitoterapia pela Ganep. Especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Coordenadora de projetos e inovação do Ganep Educação e Nutritotal