Um estudo publicado na revista Gastroenterology demonstra que é a alta a prevalência de doença hepática não-alcoólica (DHGNA) em adolescentes obesos submetidos à cirurgia bariátrica.
Trata-se de um estudo prospectivo, em coorte, multicêntrico no qual foram avaliados adolescentes submetidos à cirurgia bariátrica em 5 centros terciários. No intra-operatório foram efetuadas biópsias hepáticas de 165 adolescentes, sendo excluídos 17 pacientes por motivo de material insuficiente ou utilização de medicamentos hepatotóxicos. Dessa forma, permaneceram no estudo 148 adolescentes, com idade média de 16,8 ± 1,6 anos e índice de massa corporal (IMC) médio de 52 kg/m².
Os resultados demonstraram que a DHGNA estava presente em 59% dos pacientes, e somente 10% apresentaram diagnóstico de esteatohepatite não alcoólica (NASH).
A fibrose leve (estágio 2 ou inferior) foi observada em 18% e a fase 3 da doença em apenas 0,7% dos pacientes. A dislipidemia estava presente em 78% dos pacientes, a hipertensão em 44% e o diabetes em 14%. A DHGNA mais grave foi associada com o aumento dos níveis séricos de alanina aminotransferase, glicemia de jejum, hipertensão e contagem de glóbulos brancos. Apenas o diabetes foi associado com a detecção de fibrose.
A análise genética associou presença de NASH com a expressão alterada de genes que regulam a quimiotaxia de macrófagos, absorção de colesterol e ácidos graxos.
“Apesar da alta prevalência de DHGNA em adolescentes gravemente obesos, a presença de NASH grave é rara”, concluem os autores. “O IMC não foi capaz de predizer a gravidade da DHGNA, sugerindo que a obesidade por si só não é fator chave nessa população”, afirmam.
Referência (s)
Xanthakos SA, Jenkins TM, Kleiner DE, Boyce TW, Mourya R, Karns R, et al. High Prevalence of Nonalcoholic Fatty Liver Disease in Adolescents Undergoing Bariatric Surgery. Gastroenterology. 2015;149(3):623-34.
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