Quais os cuidados devem ser tomados na administração de medicamentos via sonda nasoenteral?

Postado em 17 de fevereiro de 2020 | Autor: Ana Paula Prudêncio

A administração de medicamentos via sonda nasoenteral é um desafio para a equipe multiprofissional de terapia nutricional (EMTN) devido a interações entre drogas/nutrientes, interações entre material do tubo e o tipo de medicamento e a posição da sonda. Dessa forma, faz-se necessário conhecimento específico para garantir administração correta dos medicamentos por esta via.

Alguns aspectos devem ser considerados antes de iniciar a prescrição medicamentosa via sonda. Inicialmente, deve-se verificar a possibilidade de administração de medicamentos via oral, caso a habilidade de deglutição esteja preservada. O primeiro ponto a ser considerado é a osmolalidade do medicamento. As formulações medicamentosas devem ter osmolalidade de até 500 msosmol/kg a fim de prevenir diarreia osmótica ou êmese. Além disto, deve ser considerada a posição da sonda. Em posição gástrica, é possível administrar maiores volumes em bolus, e quando a posição for enteral, recomenda-se administrar volumes de até 50 ml com intervalos de 30 minutos entre o bolus ou até a próxima administração.

É igualmente importante avaliar as interações droga/nutrientes a fim de determinar possíveis pausas na infusão da dieta enteral. É recomendada esta pausa na utilização dos seguintes medicamentos: levotiroxina, fenitoína, varfarina sódica, atenolol, atesina, captopril, hidralazina, hidroclorotiazida, carbamazepina, fenitoína, monocordil, levofloxacino, omeprazol, prednisona, levodopa, ranitidina. Segundo a ASPNE, o tempo de interrupção da dieta enteral é de 30 minutos antes e 30 minutos após a administração de medicamentos que apresentam interação droga/nutriente. No entanto, alguns estudos sugerem uma interrupção de 1 a 2 horas antes e 1 a 2 horas após a administração.

Portanto, é imprescindível que a EMTN identifique os cuidados necessários na administração de fármacos em pacientes em terapia nutricional enteral a fim de definir protocolos, manuais e treinamentos que minimizem as situações que podem levar a deficiências nutricionais e medicamentosas, contribuindo para a manutenção/recuperação do estado nutricional e de saúde geral.

Referências:

ALMEIDA, C. M. de; GENARO, S. Cuidados na administração de medicamentos por sonda enteral.  Colloq Vitae, v 11, n 3, p 10-19, 2019.

BARBOSA, D. L., et al.Interações fármaco-nutrição enteral em unidade de terapia intensiva: determinação de prevalência e significância clínica. J BRASPEN, v. 33, n 1, p.49-53, 2018.

REBER, E., et al. Pharmaceutical Aspects of Artificial Nutrition. Journal of Clinical Medicine, v 8, 2017.

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