A abordagem nutricional adequada para gestantes com diagnóstico de diabetes mellitus gestacional (DMG) é de fundamental importância para reduzir as complicações advindas desta condição clínica. Os estudos que investigaram estratégias nutricionais específicas para essas pacientes ainda são escassos na literatura. Entretanto, estudos recentes têm demonstrado efeitos benéficos da utilização do padrão da dieta tipo DASH (do inglês “Dietary Approach to Stop Hypertension”) como uma estratégia eficaz no tratamento da DMG. O plano alimentar DASH foi originalmente sugerido para pacientes com hipertensão arterial, no entanto, diversos estudos têm identificado benefícios de sua utilização sobre outros fatores de risco cardiovascular, como a redução da síndrome metabólica e melhora do perfil metabólico de pacientes com diabetes.
Asemi e colaboradores publicaram dois estudos, um publicado no ano de 2013 e outro em 2014, demonstrando que a utilização da dieta DASH por 4 semanas em mulheres com diabetes gestacional resultou em melhores resultados durante a gestação, com diminuição da resistência à insulina e melhora do estresse oxidativo. A dieta DASH orientada pelos pesquisadores era rica em frutas, vegetais, grãos integrais e laticínios com baixo teor de gordura. Além disso, preconizou o baixo teor de gorduras saturadas, gorduras totais, colesterol, grãos refinados e doces, com um total de 2.400 mg/dia de sódio.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) o DMG é definido como qualquer nível de intolerância a carboidratos, resultando em hiperglicemia de gravidade variável, com início ou diagnóstico durante a gestação. O desenvolvimento dessa condição clínica pode ser explicado por alterações hormonais ocorridas no período gestacional, pelo estresse fisiológico imposto pela gravidez e por fatores predeterminantes (genéticos ou ambientais, como a obesidade antes da gestação).
As diretrizes da SBEM sugerem que grávidas obesas devem ser submetidas a leve restrição calórica, com total de 25 Kcal/kg de peso atual por dia. Já as gestantes com peso normal devem ser orientadas a ingerir um total calórico diário em torno de 30 Kcal/kg de peso corporal. As grávidas com baixo peso devem ingerir 35 Kcal/kg de peso corporal/dia. Ainda segundo a diretriz, nos 2º e 3º trimestres de gestação, deve-se adicionar 300 Kcal por dia. A distribuição sugerida dos nutrientes é de 40% a 50% de carboidratos, 25% a 30% de proteínas e 25% a 30% de lipídios. O valor calórico total deve ser bem distribuído durante o dia, com 15% no café da manhã, 10% no lanche da manhã, 30% no almoço, 10% no lanche da tarde, 25% no jantar e 10% na ceia.
Em relação aos micronutrientes, estudos sugerem que se deve estimular o consumo de alimentos fonte de antioxidantes, como vitaminas C, E, selênio, betacaroteno e outros carotenoides, para atenuar o estresse oxidativo e contribuir para o melhor controle glicêmico. Além disso, pesquisas sugerem que a dieta deve ser adequada em potássio, magnésio, zinco e cromo, pois suas deficiências podem agravar a hiperglicemia. Outras pesquisas sugerem também o rastreamento e a correção da deficiência de vitamina D em pacientes com diabetes gestacional, pois sua deficiência está relacionada com menor liberação e piora da sensibilidade à insulina.
Apesar dos avanços na área, ainda são necessários mais estudos que avaliem de maneira sistemática a melhor estratégia para as pacientes com DMG.
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Bibliografia
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