Classes específicas de lipídios podem ser modificadores importantes do risco de câncer de mama. Dietas ricas em ácidos graxos saturados (AGS) e ácidos graxos trans, alguns tipos de lipídios, têm sido associadas ao aumento do risco de câncer de mama tanto em modelos animais quanto em humanos.
Por outro lado, os ácidos graxos poliinsaturados (AGPI) apresentam diferentes efeitos sobre o desenvolvimento do câncer de mama. Existem duas classes principais de AGPI: ácidos graxos ômega-6 (AGPI n-6) e ácidos graxos ômega-3 (AGPI n-3).
O ácido linoléico e o ácido araquidônico são os dois AGPI n-6 mais comuns nas dietas ocidentais e têm sido associados com o aumento do risco de câncer de mama. De maneira oposta, os AGPI n-3 apresentam efeitos anticancerígenos, sendo os seus principais representantes o ácido alfa-linolênico (ALA), ácido eicosapentaenóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA). Estes últimos podem ser obtidos diretamente com a ingestão de frutos do mar e óleos de peixe.
Um estudo experimental mostrou que em ratas grávidas alimentadas com dietas ricas em AGPI n-6 houve maior incidência de tumores mamários. Os pesquisadores deste estudo observaram que os AGPI n-6 induzem células adiposas a produzir e liberar estrogênio no organismo, levando à promoção do crescimento de tumores.
Nagata et al (2007) mostrou que grávidas que consumiam dietas ricas em AGPI n-6 apresentavam níveis mais altos de compostos estrogênicos. Entretanto, as grávidas que ingeriram maiores quantidades de AGPI n-3 apresentaram relação inversa com os níveis de estrogênio.
Com isso, pesquisadores vêm sugerindo que o consumo de AGPI n-6 pode potencialmente aumentar o risco de carcinogênese mamária. Por outro lado, evidências sugerem que AGPI n-3 pode ter papel benéfico tanto na prevenção quanto tratamento do câncer de mama.
Pesquisas futuras nesta área são necessárias para melhor esclarecer sobre os efeitos da exposição aos ácidos graxos em longo prazo, visando determinar a doses críticas e ideais para a prevenção do câncer de mama.
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