Qual é o melhor método para determinação do gasto energéticos de pacientes em terapia nutricional?

Postado em 16 de outubro de 2017 | Autor: Natalia Correia Lopes


Existem vários métodos utilizados para estimar o gasto energético (GE) de indivíduos saudáveis ou enfermos, entre eles podemos destacar calorimetria indireta (CI), água duplamente marcada, termo diluição (princípio de Fick) e fórmulas estimativas de GE.

Na prática clínica, as fórmulas estimativas, como Harris-Benedict, Mifflin-St Jeor efórmulas de bolso, são as mais utilizadas, porém, apesar de serem facilmente aplicadas, enfrentam limitações importantes como a dúvida de escolha entre peso ideal ou atual, dificuldade de avaliação e determinação do peso dos pacientes criticamente enfermos e a superestimação ou subestimação do GE que pode dificultar o ajuste da terapia nutricional (TN).

Por essa razão, a CI pode ser o melhor método para determinar o GE de pacientes críticos com ou sem ventilação mecânica. A CI é um método que estima o GE através de medidas das trocas de gás carbônico (CO2) e oxigênio (O2)nos pulmões, relacionando-os com o metabolismo de macronutrientes, e posterior calculo do GE por meio de fórmulas, como a de Weir e suas variações.

Atualmente,há diversos aparelhos de calorimetria, incluindo alguns modelos portáteis, oque permite a realização do exame a beira do leito.  Além da determinação do GE a partir da avaliação de CO2 e O2, o método permite ainda determinar o quo eficiente respiratório (QR), que indica a oxidação dos diferentes substratos energéticos pelo organismo e permite fazer ajustes na oferta de macronutrientes, como indicado na tabela abaixo.

Valor de QR

Interpretação do resultado

Conduta

> 1,00

Superalimentação

Reduzir calorias totais

> 0,90 a 1,00

Oxidação de carboidrato

Reduzir carboidratos ou aumentar lipídios

> 0,80 a 0,90

Oxidação de carboidrato, lipídios e proteína (normalidade)

Alimentação equilibrada

0,70 a 0,80

Oxidação lipídios e proteínas

Aumentar calorias totais

Fonte: Adaptado de Silva SRJ,Belarmino G, Horie LM, Waitzberg DL, 2017.

Wa ele e colaboradores compararam o GE de 161 pacientes críticos utilizando CI e 10 diferentes fórmulas estimativas de GE. Observaram que as formulas superestimaram ou subestimaram o GE desses pacientes, reforçando o uso da CI para um resultado mais efetivo da TN.

Referências:

Silva SRJ, Belarmino G, Horie LM, Waitzberg DLSilva SRJ da, Belarmino G, Horie LM, Waitzberg DL. Gasto Energético. In: Waitzberg DL. Nutrição Oral, Enteral e Parenteral na Prática Clíncia. 5ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017.

De Waele E, Opsomer T, Honoré PM et al. Measured versus calculated resting energy expenditure in critically ill adult patients. Do mathematics match the gold standard? Minerva Anestesiologica, 2015.

Cheng CH, Chen CH, Wong Y et al. Measured versus estimated energy expenditure in mechanically ventilated critically iII patients. Clinical Nutrition, 2002.

 

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