Para avaliar a microbiota intestinal, os pesquisadores fizeram o sequenciamento do gene 16S rRNA
A microbiota intestinal (MI), complexo conjunto de microrganismos, se estabelece ao longo da vida a partir do nascimento. No útero, o bebê é considerado praticamente estéril, quando a gestação é normal, e adquire , ao nascer, microrganismos por transmissão materna e do ambiente hospitalar.
Modo de nascimento, tipo de amamentação e uso de antibióticos, ao lado de fatores genéticos individuais são fatores importantes que contribuem para o desenvolvimento inicial da MI com impacto posterior sobre o estado e condição de saúde.
No entanto, ainda não está claro até que ponto esses fatores podem contribuir para o desenvolvimento da MI de um adulto. A forma com que bactérias se incorporam no conjunto ecológico durante a vida é complexa. Basta lembrar que a ordem pela qual diferentes espécies bacterianas aparecem na MI , durante o crescimento, pode ter efeitos duradouros na estrutura e função da MI.
Neste sentido, estudo recentemente publicado no renomado periódico científico Cell Press and Microbe, analisou a dinâmica da MI de 471 crianças suecas (302 nascidos de parto normal e 169 de parto cesáreo) acompanhadas desde o nascimento até os 5 anos de idade.
Os pesquisadores avaliaram a MI por meio do sequenciamento do gene 16S rRNA, coletando amostras das crianças logo após o nascimento, aos 4 e 12 meses, e aos 3 e 5 anos de idade. A MI dos bebês aos 5 anos também foi comparada com a de suas mães e a MI de uma população sueca adulta sadia.
Os achados são interessantes e inovadores. Assim, os autores observaram que a diversidade da MI aumenta significativamente com a idade, com ganho médio de 4 unidades/ mês. A composição da MI de crianças com 5 anos ainda foi significativamente diferente em comparação com a das mães e adultos saudáveis. Este resultado difere do conceito tradicional de que, a estabilidade da MI é obtida a partir dos 3 anos de idade. As mudanças na composição microbiana foram maiores em idades mais jovens, com variâncias mais fortes entre 4 e 12 meses (variância ≈23%) enquanto a variação entre 12 meses e 3 anos foi de ≈5% e entre 3 e 5 anos, foi apenas 0,9%.
Os autores apontam, ainda, que alguns adultos, possuem menor diversidade e o mesmo tipo de comunidade/perfil microbiano de crianças, o que indica microbiota relativamente imatura. A espécie Ruminococcus gnavus foi identificada como possível marcador desta imaturidade microbiana em todas as faixas etárias devido a sua correlação com baixos níveis de riqueza e diversidade da MI.
Nesse cenário, o exame de sequenciamento genético gera informações essenciais, pois permite conhecer a constituição da microbiota intestinal de maneira individualizada. A associação de dados clínicos de cada paciente com as variáveis analisadas na MI, percentual de riqueza, diversidade, bactérias benéficas e patogênicas, permite a prescrição personalizada em busca de manutenção da saúde, prevenção e tratamento de enfermidades.
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A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
Referência
Roswall J, Olsson LM, Kovatcheva-Datchary P, Nilsson S, Tremaroli V, Simon MC, et al. Developmental trajectory of the healthy human gut microbiota during the first 5 years of life. Cell Host Microbe. 2021 Mar 23:S1931-3128(21)00100-1. doi: 10.1016/j.chom.2021.02.021.
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