Sepse é a maior causa demorbimortalidade em neonatos, com taxa de fatalidade variando de 5 a 60%, mesmocom tratamento com antibióticos. Diversos métodos de prevenção têm sidotestados, porem sem eficácia. A partir destes dados, Panigrahi e colaboradoresavaliaram os efeitos da administração de simbiótico em neonatos e sua ação naincidência de sepse neste grupo.
Foi conduzido um estudo randomizadode comunidade, duplo-cego, placebo-controle, em 149 vilas no estado de Odisha,onde as taxas de mortalidade neonatal e infantil estão entre as maiores da Índia.No grupo tratamento, foi administrado uma cápsula de simbiótico Lactobacillus plantarum 109 acrescidode 150mg de frutooligosacarídeo e 100mg de maltodextrina por via oral nos recém-nascidosdurante 7 dias, iniciado entre o segundo e o quarto dia de vida. Neste mesmoperíodo, foi administrado uma cápsula placebo de 250mg de maltodextrina nogrupo controle. O estudo contou com uma amostra de 4.556 recém-nascidos semsinais de sepse ou outras morbidades que foram acompanhados durante 60 dias.
Foi encontrada uma reduçãosignificante na mortalidade por sepse, que foi de 9% no grupo placebo e 5,4% nogrupo tratamento. Todos os componentes da sepse/síndrome da infecção bacterianasevera estavam significativamente reduzidos no grupo tratamento. Entre as 33crianças que apresentaram cultura bacteriana positiva, 27 pertenciam ao grupoplacebo e somente 6 ao grupo tratamento (RR=0,22). A redução de risco foi de82% para infecção por bactérias Gram-positivas e 75% para bactériasGram-negativas. Nenhuma cultura apresentou crescimento de Lactobacillus. Sepse por cultura negativa foi reduzida para 47% (RR=0,53).Os pesos das crianças de ambos os grupos não diferiram no nascimento, e aos 7 e28 dias de vida. No entanto, aos 60 dias de vida, as crianças do grupotratamento com simbiótico apresentaram um maior ganho de peso desde onascimento (p=0,03). Eventos gastrointestinais adversos foram bastante baixos,com somente 6 casos no grupo placebo e 1 caso no grupo tratamento, mostrandouma boa tolerância ao simbiótico. Infecção do trato respiratório baixo foiidentificado em 231 crianças, sendo somente 34% dos casos no grupo comsimbiótico.
Estes resultados sugerem que umagrande proporção de sepse em neonatos poderia ser prevenida efetivamenteutilizando-se um simbiótico contendo Lactobacillusplantarum.
Referência:
Panigrahi P, Parida S, Nanda NC,
et al. A randomized
synbiotic trial to prevent sepsis among infants in rural India. Nature.
2017.