Sim. Estudos sugerem que a suplementação com taurina pode prevenir o desenvolvimento de obesidade e de complicações relacionadas, como o diabetes.
A taurina é um aminoácido condicionalmente essencial para o ser humano e se concentra nas células alfa do pâncreas. Há três tipos principais de células nas ilhotas pancreáticas: alfa, beta e delta. A célula alfa é a responsável pela secreção do hormônio glucagon e estimula a célula beta a produzir insulina. A célula beta inibe a secreção de glucagon pela célula alfa. Já a delta produz o hormônio somatostatina, capaz de inibir tanto a secreção de insulina quanto de glucagon, dependendo da necessidade. De alguma forma, a taurina modula esse controle parácrino (no qual um hormônio produzido por uma célula controla a atividade da célula vizinha) da insulina, favorecendo maior ou menor secreção do hormônio dependendo do caso.
Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) realizaram um estudo que utilizou um modelo animal, no qual 76 camundongos foram divididos em dois grupos: controle, com camundongos saudáveis e intervenção, ratos obesos, com intolerância à glicose e resistência à insulina. Todos os ratos tiveram sua água suplementada com taurina a 5% durante 30 dias. Após o período de suplementação, os pesquisadores avaliaram a homeostase da glicose sanguínea, a função das células das ilhotas pancreáticas, expressão gênica das células da ilhota e sinalização da insulina. As análises revelaram que as ilhotas pancreáticas dos animais haviam diminuído de tamanho, ficando com aspecto semelhante às do grupo controle não obeso. Também foram reduzidos os níveis de secreção de insulina, que foram acompanhados de melhoria parcial da intolerância à glicose e da resistência à insulina. Além disso, as células das ilhotas dos animais que receberam a suplementação com taurina expressavam mais a forma ativa da proteína PDX-1, um fator de transcrição essencial para a síntese de insulina. Os receptores de insulina nos tecidos periféricos dos animais ficavam mais ativados após a suplementação de taurina, favorecendo a captação de glicose no tecido muscular e menor produção desse açúcar pelo fígado.
Um estudo controlado por placebo, duplo-cego, randomizado foi realizado com 16 mulheres com diagnóstico de obesidade e 8 mulheres eutróficas. O objetivo foi verificar se a suplementação de taurina, associada à orientação nutricional, modulava o estresse oxidativo, resposta inflamatória e homeostase da glicose em mulheres obesas. Após 8 semanas, a suplementação de taurina associada com aconselhamento nutricional foi capaz de aumentar os níveis de adiponectina e reduzir marcadores de inflamação e peroxidação lipídica.
Bibliografia
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