Mais vegetais e menos carne: uma mudança sustentável

Postado em 16 de setembro de 2022 | Autor: Redação Nutritotal

Sem excluir alimentos de origem animal, estudo demonstra que é possível minimizar os impactos ao meio ambiente

Colocar mais vegetais e menos carne no seu prato pode ser uma mudança de grande impacto, não somente na sua saúde, como também no meio ambiente. Assim como outras atividades, a produção de alimentos contribui para a pegada que deixamos no nosso planeta, ou seja, os resultados daquilo que fazemos e de como usamos os recursos naturais.

De acordo com pesquisas, os sistemas alimentares humanos são um dos principais emissores de gases de efeito estufa. E nesse dia 16 de setembro em que é celebrado o Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio, decidimos trazer um estudo que mostra como as trocas na alimentação podem impactar positivamente na redução dos danos causados ao nosso planeta.

menos carne

Foto: Shutterstock.com

O que é a camada de ozônio e o efeito estufa?

O nosso planeta é recoberto por uma camada de gás ozônio que permite que apenas uma parte dos raios ultravioletas emitidos pelo Sol alcance a superfície da Terra. Isso evita prejuízos à nossa saúde, já que esses raios podem provocar danos à imunidade, à visão e doenças como o câncer de pele.

A camada de ozônio também promove o efeito estufa, em que determinados gases absorvem parte da radiação solar.  Sem o controle da entrada dos raios ultravioletas pela camada de ozônio, a Terra teria temperaturas muito elevadas, tornando o planeta inabitável, e sem o efeito estufa, o planeta seria muito frio, dificultando o desenvolvimento de qualquer ser vivo.

Mas, a questão é que as atividades humanas não têm contribuído para a preservação da camada de ozônio, intensificando o efeito estufa, que leva ao aquecimento global. Óxido nítrico (NO), óxido nitroso (N₂O), dióxido de carbono (CO₂) e clorofluorcarbonos (CFCs) são gases que destroem a camada de ozônio. Os CFCs presentes em aerossóis e equipamentos de refrigeração são os mais comentados, junto com o gás carbônico (CO₂).

No Brasil, assim como em outros países, os CFCs são proibidos, sendo substituídos por gases menos prejudiciais ao ambiente. O gás carbônico, por sua vez, ainda está no nosso dia a dia. Além de ser o gás que liberamos na respiração, a queima de combustíveis fósseis como carvão e petróleo (que produz a gasolina) também emitem esse gás.

E se não bastasse a contribuição na destruição da camada de ozônio, o gás carbônico, assim como o metano (produzido e liberado por animais ruminantes, como as vacas) e o óxido nitroso, participa da absorção dos raios ultravioletas e, quando a absorção desses raios acontece em grandes quantidades, ocorre uma elevação da temperatura.

E como a alimentação interfere nisso?

Para responder essa pergunta, trouxemos um estudo científico publicado no The American Journal of Clinical Nutrition no começo desse ano. Esse estudo reuniu informações sobre a alimentação de 16.800 mil pessoas que responderam a um questionário sobre o que comeram no dia anterior.

A partir das respostas, foram obtidos mais de 6 mil alimentos diferentes que, consequentemente, também tinham valores nutricionais distintos. Para pontuar o impacto ambiental de cada alimento, os pesquisadores analisaram diversos estudos e criaram um banco de dados de impactos da dieta no meio ambiente.

Os impactos pontuados foram os gases de efeito estufa, mais especificamente uma quantificação em quilos da emissão de gás carbônico baseada na produção e no consumo de cada alimento, e o uso de água, considerando que a utilização exacerbada desse recurso, também provoca impactos no meio ambiente.

Dos 6 mil alimentos, foram selecionados os 25 com maiores impactos, tanto na emissão de gás carbônico, quanto no uso de água. Mantendo as calorias e os aspectos culinários, os pesquisadores substituíram esses alimentos com maiores impactos por outros com menores, por exemplo, segundo o ranking, a carne bovina é a maior produtora de impactos ambientais, 94,3 gramas desse alimento produzem cerca de 4.000 kg de gás carbônico.

Os pesquisadores a substituíram por frango, o que reduziu em 48% a emissão de gás carbônico e 30% o gasto de água. Depois da carne bovina, estavam carne de porco, melão, suco de abacaxi e peru que não chegaram a 1.000 kg de emissão de gás carbônico, demonstrando como o impacto da carne bovina é superior no meio ambiente.

Com as demais substituições propostas pelos autores da pesquisa, houve redução de 48,4% de emissão de gás carbônico e 29,9% de água na dieta total. Outros estudos demonstram que mudanças de uma dieta básica para uma dieta vegana ou vegetariana resultaram em declínios de 45% e 31% na emissão de gases de efeito estufa, respectivamente.

Comer para além da fome e da nutrição

Ter consciência de que a nossa alimentação impacta no meio ambiente é essencial para que possamos fazer melhores escolhas. Como o estudo demonstra, não é preciso excluir a ingestão de alimentos de origem animal para cuidar do meio ambiente e da saúde.

Mas, reduzir o consumo já pode promover efeitos importantes na preservação dos recursos naturais, na manutenção da camada de ozônio e, consequentemente, no controle do aquecimento global.

Referência

Donald Rose, Amelia M Willits-Smith, Martin C Heller, Single-item substitutions can substantially reduce the carbon and water scarcity footprints of US diets, The American Journal of Clinical Nutrition, Volume 115, Issue 2, February 2022, Pages 378–387, https://doi.org/10.1093/ajcn/nqab338

Junges, Alexandre Luis; Santos, Vinicius Yuri dos; Massoni, Neusa Teresinha; Santos, Francineide Amorim Costa. Efeito estufa e aquecimento global: uma abordagem conceitual a partir da física para educação básica, Experiências em Ensino de Ciências V.13, No.5, 2018.

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