Obesidade é fator de risco para síndrome da apnéia obstrutiva do sono?

Postado em 4 de setembro de 2020 | Autor: Natalia Lopes

Excesso de peso e alterações metabólicas da obesidade estão relacionadas a gravidade da apneia

síndrome da apneia obstrutiva do sono

A síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) é causada por estreitamento, obstrução e obstáculos do fator regulador do nervo no trato respiratório superior e se manifesta com apnéia do sono e hipopnéia, acompanhada por hipóxia, ronco, sonolência diurna e outros sintomas. O diagnóstico é feito através de exame de polissonografia, que analisa o número de eventos de obstrução total (apneia) ou parcial (hipopneia) das vias aéreas superiores durante o sono noturno. Apneia é definida como a cessação completa do fluxo de ar oronasal durante pelo menos 10 segundos e a hipopneia é identificada como uma diminuição no fluxo de ar de > 30% por pelo menos 10 segundos e uma queda> 3% na SaO2 ou associação do evento com um despertar.

A prevalência de SAOS é de 3% a 7%, sendo a obesidade um importante fator risco. Observa-se que o aumento da epidemia da obesidade e doenças metabólicas está relacionado também ao aumento da prevalência da SAOS, que chega a 48% em homens obesos e 28% em mulheres obesas.

 

Obesidade como fator de risco para apneia

Embora os mecanismos pelos quais a obesidade está relacionada a SAOS ainda são pouco compreendidos, sabe-se que o acúmulo de gordura visceral não só é um fator de risco para SAOS, como também um indicativo de gravidade da doença, representado pelo número de eventos da apneia e hipopneia por hora de sono. Além disso, pacientes obesos e com acúmulo de gordura visceral costumam acumular, também, gordura ao redor do pescoço e na área respiratória, o que resulta em estreitamento e diminuição da função diastólica do trato respiratório e, também, uma respiração mais fraca.

Além disso, a obesidade está relaciona com a secreção de diversas citocinas e fatores inflamatórios que regulam, por exemplo, a homeostase da glicose e do metabolismo lipídico, e parecem estar, também, associadas a morbidade da síndrome da apneia obstrutiva do sono.

Níveis séricos de leptina e adoponectina, citocinas secretadas pelo tecido adiposo, parecem influenciar a gravidade da SAOS. Níveis elevados de leptina estão positivamente correlacionados com a gravidade da SAOS e aumento do número de eventos da apneia por hora de sono. Por outro lado, observa-se que níveis de adiponectina estão significativamente reduzidos em pacientes com SAOS e se correlacionam negativamente com número de eventos da apneia e hipopneia por hora de sono, possuindo, assim, um papel protetor da apneia.

Por outro lado, a ocorrência de apneia também parece ser um fator que contribui para o aumento da obesidade e ambos aumentam o risco de doenças cardiovasculares. Nesse sentido, a mudança de estilo de vida e as terapias medicamentosas parecem ser as estratégias não cirúrgicas de perda de peso mais relevantes para melhora da SAOS.

Referências

CARNEIRO, Glaucia et al. Obesity metabolic and hormonal disorders associated with obstructive sleep apnea and their impact on the risk of cardiovascular events. Metabolism, [S.L.], v. 84, p. 76-84, jul. 2018. Elsevier BV.

LI, Min et al. Obstructive Sleep Apnea Syndrome and Metabolic Diseases. Endocrinology, [S.L.], v. 159, n. 7, p. 2670-2675, 18 maio 2018. The Endocrine Society.

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