Um estudo publicado na revista Diabetologia demonstrou que pessoas com diabetes tipo 2, que tem um alto consumo energético no desjejum e um baixo consumo calórico no jantar, tem maior controle da glicemia do que aqueles que ingerem mais calorias no jantar e menos no desjejum.
O estudo randomizado incluiu: 18 indivíduos (8 homens, 10 mulheres), com idade entre 30 a 70 anos, com diabetes tipo 2 a menos de 10 anos, tratados com metformina e/ou aconselhamento dietético. Os pacientes foram randomizados para a dieta B ou a dieta D diariamente por 1 semana. A dieta B continha 703 quilocalorias (kcal) no café da manhã, 602 kcal no almoço e 204 kcal no jantar. A dieta D continha a mesma energia total, mas dispostas de forma diferente: 204 kcal no café da manhã, 602 kcal no almoço e 703 kcal no jantar. A maior refeição incluía leite, atum, uma barra de cereais, ovos mexidos, iogurte e cereais, enquanto a menor continha fatias de peito de peru, queijo mozzarella, salada e café.
O café da manhã foi realizado às 8h, almoço às 13h e jantar às 19h. Os pacientes consumiram suas dietas em casa por 6 dias antes do dia da análise. No 7º dia (dia de coleta de amostras) cada grupo consumiu o seu plano de refeição na clínica. Assim, amostras de sangue foram coletadas imediatamente antes do café da manhã (0 min) e aos 15, 30, 60, 90, 120, 150 e 180 minutos após o início das refeições (tanto para o almoço quanto para o jantar). Os níveis pós-prandiais de glicose foram medidos em cada um dos participantes, bem como os níveis de insulina, peptídeo-C e GLP-1 (glucagon like peptide 1) (incretinas que ajudam o organismo a regular os níveis de glicose após as refeições, atuando na secreção pancreática da insulina e glucagon).Duas semanas mais tarde, os pacientes trocaram o plano de dieta e os testes repetidos.
Os resultados demonstraram que os níveis de glicose após a refeição eram 20% mais baixos e os níveis de insulina, peptídeo-C, e GLP-1 foram 20% maiores em participantes sobre a dieta B em comparação com a dieta D. Apesar das dietas conterem as mesmas quantidades de calorias durante o almoço e energia total, o almoço na dieta B resultou em menor nível de glicose sanguínea (21% -25%) e maior de insulina (23%) em comparação com o almoço na dieta D.
“Essas observações sugerem que alterações no plano alimentar influencia o ritmo da produção de insulina e incretinas pós-refeição, resultando em uma redução substancial dos níveis de glicose pós-prandial”, afirmam os autores. “Programar a refeição de uma pessoa pode ser um fator crucial para a melhora do equilíbrio da glicose e prevenção de complicações no diabetes tipo 2”, concluem.
Referência (s)
Jakubowicz D, Wainstein J, Ahrén B, Bar-Dayan Y, Landau, Z, Rabinovitz HRR, et al. High-energy breakfast with low-energy dinner decreases overall daily hyperglycaemia in type 2 diabetic patients: a randomized clinical trial. Diabetologia. 2015 [Epub ahead of print]