Nutrição de precisão no acompanhamento de pacientes com alopecia areata

Postado em 22 de abril de 2024

Em novo estudo, autores identificaram biomarcadores microbianos e metabólicos da alopecia areata, abrindo portas para a nutrição de precisão no tratamento da condição.

Nos últimos anos, tem havido um interesse crescente em compreender a intrínseca interação entre os fatores genéticos, ambientais e a microbiota intestinal, e sua influência na saúde humana. 

Neste contexto, um campo de pesquisa emergente tem explorado a possível conexão entre a Alopecia Areata, uma doença autoimune que causa a queda de cabelo, e a dinâmica do microbiota intestinal

Microbiota e alopecia areata

Fonte: Canva.com

Um novo estudo investigou essa relação e seus possíveis desdobramentos no tratamento da alopecia, destacando a importância da nutrição de precisão. Confira os detalhes a seguir.

Microbiota e Alopecia Areata: qual é a relação?

A Alopecia Areata (AA) é uma doença autoimune complexa, caracterizada pela perda de cabelo em áreas específicas do corpo, resultante da ativação inadequada do sistema imunológico contra os folículos pilosos. 

Estudos sugeriram que a disbiose da microbiota intestinal pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento e na progressão dessa condição. 

No entanto, as correlações entre grupos microbianos e metabólitos que poderiam ser responsáveis ​​pelo desenvolvimento e persistência da doença ainda não haviam sido esclarecidos, até o momento.

Novo estudo avalia microbiota de pacientes com alopecia 

Em uma nova pesquisa italiana, os autores recrutaram 18 adultos saudáveis e 24 pacientes com alopecia areata.

Os critérios de inclusão envolviam:

  • Não ter consumido antibióticos ou probióticos nos últimos 30 ou 15 dias, respectivamente;
  • Não estar grávida ou amamentando;
  • Não ter outras doenças dermatológicas;
  • Não consumir medicamentos anti-tumorais ou imunossupressores; 
  • Não ter feito terapia tópica ou hormonal no couro cabeludo nos últimos 3 meses. 

Durante o exame clínico dos participantes, os cientistas utilizaram a pontuação da Ferramenta de Gravidade da Alopecia (SALT), um método padronizado para avaliar a perda de cabelo em indivíduos com alopecia areata.

Para cada indivíduo, coletou-se amostras fecais e de urina. As amostras fecais foram submetidas à extração de DNA total e sequenciamento do gene 16S rRNA, enquanto as amostras de fezes e urina foram analisadas para metabólitos de compostos orgânicos voláteis (VOCs). 

Além disso, os autores também avaliaram o consumo dietético de 7 dias, a fim de analisar a ingestão de energia, macro e micronutrientes.

Biomarcadores microbianos e metabólitos na alopecia areata

Após a análise dos dados, os estudiosos concluíram que a composição geral da microbiota intestinal não diferiu entre os grupos de pacientes saudáveis ou com AA. 

Entretanto, a análise detalhada da variabilidade intra-individual revelou distinções significativas relacionadas à idade, sexo e estado patológico. Mais especificamente, pacientes com alopecia mostraram uma redução na riqueza e uniformidade das espécies bacterianas em comparação com os indivíduos saudáveis. 

Outro achado importante foi em relação aos biomarcadores microbianos para a alopecia areata

Nos pacientes com AA, houve um aumento nas populações de Firmicutes, Lachnospirales e Blautia. Enquanto isso, o gênero Coprococcus se destacou nos indivíduos saudáveis. Essa descoberta sugere uma possível associação entre a microbiota e o desenvolvimento da doença.

A análise integrada de dados revelou não apenas biomarcadores microbianos, mas também biomarcadores de metabólitos associados à AA. Particularmente, ésteres de ácidos graxos de cadeia ramificada e aminoácidos de cadeia ramificada emergiram como preditores significativos de AA, sugerindo possíveis associações com o estresse oxidativo e a inflamação.

Conclusão

Em resumo, a microbiota realmente parece exercer um papel crucial no desenvolvimento e persistência da alopecia areata. No estudo, biomarcadores microbianos e metabólitos da AA foram identificados. 

Nesse sentido, a nutrição de precisão pode desempenhar um papel crucial no tratamento dessa condição, ao fornecer insights sobre a dieta e suplementação personalizadas para modular o microbioma e reduzir o estresse oxidativo e inflamação, potencialmente melhorando os sintomas da doença.

Futuramente, novas pesquisas devem investigar a causalidade entre as mudanças no microbioma e a presença da alopecia. 

Para ler a pesquisa completa, clique aqui.

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Referências:

Nikoloudaki O, Pinto D, Acin Albiac M, Celano G, Da Ros A, De Angelis M, Rinaldi F, Gobbetti M, Di Cagno R. Exploring the Gut Microbiome and Metabolome in Individuals with Alopecia Areata Disease. Nutrients. 2024; 16(6):858. https://doi.org/10.3390/nu16060858

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