Pesquisa publicada na revista The American Journal of Clinical Nutrition concluiu que a alta ingestão de carne vermelha está associada com concentrações plasmáticas desfavoráveis de biomarcadores inflamatórios e do metabolismo da glicose em mulheres não diabéticas.
Foram analisados dados de 3690 mulheres, com idade entre 30 a 55 anos, que participavam de um estudo coorte denominado “Nurses’ Health Study”, com duração de 14 anos. A ingestão alimentar foi avaliada por um questionário de frequência alimentar semi-quantitativo validado a cada quatro anos e a cada dois anos as participantes foram avaliadas com questionários sobre histórico médico e estilo de vida, além de exames bioquímicos.
A média de consumo foi de 54 g/dia para a carne vermelha, sendo 47 g/dia para a carne vermelha não processada e 4 g/dia para a carne vermelha processada (que inclui bacon, salsicha, presunto, salame, entre outras). Com base nisso, a ingestão de carne vermelha foi dividida em quartis: quartil 1= 10 g/dia; quartil 2= 43 g/dia; quartil 3= 60 g/dia; quartil 4= 113 g/dia.
Os pesquisadores observaram que as participantes com o consumo mais elevado de carne vermelha (quartis 3 e 4), apresentaram maiores níveis plasmáticos de biomarcadores inflamatórios, como proteína C-reativa (PCR) e ferritina (p<0,03 para ambos). Além disso, as mulheres com maior consumo de carne vermelha apresentaram hiperinsulinemia, maior nível sanguíneo de hemoglobina glicosilada (HbA1c) e menor nível de adiponectina (um regulador da glicemia) [p<0,02 para todos], o que demonstra uma alteração no metabolismo da glicose, favorecendo o maior risco de desenvolvimento de diabetes.
Outra importante descoberta foi que o menor consumo de carne vermelha e maior ingestão de outras fontes de proteína como aves foram associados com níveis significativamente menores de PCR, ferritina, HbA1c e insulina de jejum (todos com p≤ 0,02).
“Diversos estudos já vêm demonstrando que a alta ingestão de carne vermelha pode estar associada com o desenvolvimento de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Além disso, as evidências indicam que uma maior ingestão de carne vermelha está associada com ganho de peso. Entretanto, mais estudos de acompanhamento alimentar a longo prazo são necessários para confirmar essas associações. A partir disso, será possível determinar estratégias dietéticas ideais para a prevenção de doenças crônicas, como o diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares”, concluem os autores.
Referência (s)
Ley SH, Sun Q, Willett WC, Eliassen AH, Wu K, Pan A, et al. Associations between red meat intake and biomarkers of inflammation and glucose metabolism in women. Am J Clin Nutr. 2014;99(2):352-60.