O papel dos nutricionistas estava centrado na prevenção da doença renal crônica
A lesão renal aguda é uma condição que atinge quase metade dos pacientes internados em UTIs, ela se refere a uma diminuição da capacidade dos rins de filtrar os resíduos metabólicos do sangue. Além de ser uma enfermidade que aumenta as chances de desenvolver doença renal crônica (DRC), ela também eleva os riscos para insuficiência cardíaca, doenças cardiovasculares ateroscleróticas e mortalidade por todas as causas.
Reconhecendo a gravidade da lesão renal aguda, uma pesquisa buscou identificar qual a diferença nos desfechos clínicos de pacientes que sobreviveram à lesão renal aguda após receberem tratamento convencional ou multidisciplinar. Para isso, um estudo de controle randomizado foi realizado com 98 adultos que sobreviveram ao estágio 3 dessa doença e estavam internados em um hospital da Tailândia. O estudo durou 12 meses, tempo no qual os pacientes receberam os diferentes tratamentos.
Em média, os pacientes receberam o atendimento inicial em 4 semanas, sendo que aqueles que necessitavam de diálise ou não se recuperaram da lesão foram atendidos precocemente (1-2 semanas após a alta). Os atendimentos eram agendados de 3 em 3 meses até a conclusão do estudo e, a cada visita, os pacientes realizavam exames de rotina e testes da função renal (razão de creatinina, química sanguínea, açúcar no sangue, perfil lipídico, análise da saída de urina de 24 h para calcular a ingestão de proteína dietética e a ingestão de sal dietético, aferição da pressão arterial e medição da qualidade de vida, esta foi realizada no início do acompanhamento, aos 6 e aos 12 meses).
O grupo que recebeu atendimento multidisciplinar foi acompanhado por nefrologistas, enfermeiros renais, farmacêuticos renais e nutricionistas. Os nutricionistas forneceram aconselhamento dietético e nutricional individualizado quanto aos níveis de ingestão de calorias, proteína, sódio, potássio, fósforo e líquidos para evitar a progressão da DRC.
Os pacientes desse grupo também receberam orientações quanto a mudanças no estilo, atividade física, cessação do tabagismo e educação em diálise. Enquanto o outro grupo foi acompanhado apenas pelos internistas que receberam a devida instrução sobre cuidados pós-lesão renal aguda e por nefrologistas, caso precisassem de diálise.
Dos 98 participantes, 20 não deram continuidade ao tratamento e 12 faleceram durante a pesquisa. Após os 12 meses de intervenção, percebeu-se que o grupo que recebeu acompanhamento multidisciplinar apresentou melhores resultados quanto ao registro dietético, menor excreção de creatinina na urina e melhor controle de pressão. Entretanto, a taxa de filtração glomerular foi equiparável em ambos os grupos, assim como os desfechos renais.
Dessa forma, os pesquisadores concluíram que o acompanhamento multidisciplinar trouxe resultados positivos sobre alguns dos pontos de análise dessa pesquisa e que esses contribuem para uma melhor qualidade de vida dos pacientes, tendo em vista que após a lesão renal aguda, os sobreviventes apresentam um estado físico e mental mais deficitário que o restante da população.
Referência
Thanapongsatorn, P., Chaikomon, K., Lumlertgul, N. et al. Comprehensive versus standard care in post-severe acute kidney injury survivors, a randomized controlled trial. Crit Care 25, 322 (2021). https://doi.org/10.1186/s13054-021-03747-7
Nutricionista. Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN. Especialização em Fitoterapia pela Ganep. Especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Coordenadora de projetos e inovação do Ganep Educação e Nutritotal
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