Castanha-do-brasil melhora perfil antioxidante em mulheres com obesidade

Postado em 9 de março de 2012 | Autor: Rita de Cássia Borges de Castro

Pesquisadores da Universidade de São Paulo publicaram na revista científica Nutrition um estudo que avaliou a associação entre o polimorfismo na glutationa peroxidase-1 (GPx1), uma enzima antioxidante, os níveis de selênio (Se) e danos ao DNA em mulheres com obesidade após o consumo de castanhas-do-brasil (também conhecida como castanha-do-pará). O resultado foi de que houve aumento nos níveis de SE e da atividade da GPx1 com a ingestão desta castanha nesta população.

Trata-se de um estudo randomizado que avaliou 37 mulheres com obesidade mórbida. As participantes consumiram uma castanha-do-brasil por dia, fornecendo aproximadamente 290 mcg de selênio/dia, durante oito semanas. A recomendação diária para este micronutriente, segundo a Dietary Reference Intake (DRI), é de 55 mcg/dia.

Os pesquisadores verificaram no início do estudo e ao final das oito semanas as concentrações de Se no sangue, atividade da enzima GPx1 e os níveis de danos ao DNA. Em seguida, os resultados foram comparados em relação à presença de polimorfismo de nucleotídeo único (SNP) no gene para GPx1. Os SNPs em genes que codificam para enzimas antioxidantes, tais como GPx1 têm sido implicados na propensão para o câncer e outras doenças. Dentre os SNPs no gene para GPX1, destaca-se o PRO198LEU (ou Pro/Leu) que é resultante da substituição de citosina por timina, sendo o genótipo “normal” o PRO198PRO (ou Pro/Pro).

No início do estudo, todas as pacientes estavam deficientes em Se, e após a ingestão da castanha-do-brasil houve melhora significativa nos níveis sanguíneos de Se (p<0,001) e na atividade da GPx (p=0,001). Além disso, as participantes que apresentaram genótipo Pro/Pro tiveram diminuição nos danos do DNA após o consumo da castanha-do-brasil (p<0,005). No entanto, houve maior dano ao DNA nas participantes com o genótipo Leu/Leu em comparação com aquelas com o genótipo Pro/Pro (p<0,05).

“Este estudo é o primeiro a analisar as possíveis associações entre níveis de selênio, atividade da GPx, e os níveis de danos no DNA e polimorfismo no gene para GPx1 após o consumo de castanha-do-brasil. Mostramos que o consumo diário de apenas uma unidade desta castanha é eficaz em melhorar os níveis de Se e a atividade da enzima GPx em mulheres obesas”, comentam os autores.

“Semelhante a outros estudos no campo nutrigenômica, esses resultados não podem ser generalizados para outras populações, devido às diferenças raciais, étnicas e relacionadas ao estilo de vida. Certamente, estudos incluindo populações maiores são necessários para confirmar nossos resultados”, concluem.

Referência (s)

Cominetti C, de Bortoli MC, Purgatto E, Ong TP, Moreno FS, Garrido AB Jr, Cozzolino SM. Associations between glutathione peroxidase-1 Pro198Leu polymorphism, selenium status, and DNA damage levels in obese women after consumption of Brazil nuts. Nutrition. 2011;27(9):891-6.

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