Por ser uma condição de saúde multifatorial, a obesidade requer um tratamento que mude não…
Apesar da redução do sobrepeso e obesidade, os desfechos nutricionais pós-cirurgia não foram positivos para a qualidade de vida dos pacientes
O diagnóstico de câncer esofágico em geral ocorre quando a doença já se encontra em nível avançado ou em metástase, ou seja, quando o tumor se espalha para outras partes do corpo. Neste contexto, a cirurgia de esofagectomia apresenta-se como uma alternativa menos árdua às terapias de cura.
No entanto, estudos têm relatado frequentemente condições nutricionais deficientes após a cirurgia, o que inclui perda de peso significativa, síndrome de dumping, má absorção, redução das massas muscular e óssea, disfagia, caquexia, entre outros desfechos que afetam a qualidade de vida do paciente.
A fim de compreender como as alterações nutricionais impactam na qualidade de vida do paciente pós-esofagectomia, um estudo avaliou os dados de 66 pacientes desde o pré-operatório até 6 meses ou mais depois da cirurgia.
Características dos pacientes submetidos a cirurgia de câncer esofágico
Para obter os dados de que precisavam, os pesquisadores selecionaram 66 indivíduos da Clínica de Nutrição e Sobrevivência do Centro Nacional de Câncer Esofágico e Gástrico do Hospital St. James em Dublin, na Irlanda.
Eles tinham em média 63,3 anos, a maioria eram homens e ex-fumantes. Todos foram submetidos à esofagectomia devido à carcinoma entre outubro de 2017 e maio de 2019. Desses, 29 foram acompanhados do pré-operatório até 6 meses após a operação, enquanto os outros 37 continuaram sendo estudados até 12 meses após a cirurgia.
Depois da operação, os pacientes receberam uma alimentação exclusiva via jejunostomia durante 5 dias, progredindo para alimentação via oral. Assim que conseguiam, passavam a comer meia porção de alimentos com textura fácil de mastigar, se alimentar por jejunostomia durante a noite e receber suplementos nutricionais orais, tinham alta.
Para avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde prejudicada foram utilizados os dados de referência do Centro Europeu de Pesquisa e Tratamento do Câncer. Além disso, os pacientes tinham que preencher questionários de sintomas antes das consultas e, durante o atendimento, eram realizadas as medições antropométricas e a triagem de micronutrientes.
Resultados
Com os dados em mãos, os pesquisadores relataram que a desnutrição nesses pacientes era predominante independente do tempo pós-cirúrgico (37,9% aos 6 meses e 29,7% após 12 meses).
O peso médio e o IMC reduziram significativamente com o passar do tempo como demonstra a relevante diminuição de sobrepeso e obesidade (peso médio antes da cirurgia = 80,3 kg, após 6 meses = 73,2 kg e depois de 12 meses = 72,9 kg / IMC médio pré-operatório = 27,4 kg/m2 , IMC médio aos 6 meses = 24,9 kg/m2 e IMC médio após 12 meses = 24,8 kg/m2 ).
A má absorção aumentou de 7,6 % aos 6 meses para 14,3 % após 12 meses, assim como a síndrome de dumping que foi de 67,7 % aos 6 meses para 74,3% após 12 meses, sendo outras condições que se agravavam com o período após a cirurgia.
Além disso, foram estabelecidas correlações significativas (≥0,5) entre os sintomas de impacto nutricional e a redução da função cognitiva, o aumento da insônia e maiores restrições alimentares que sugerem piora da qualidade de vida.
Conclusão
Os autores concluíram, a partir dessas informações, que a nutrição e os sintomas de impacto nutricional demonstram-se preditores da piora da qualidade de vida relacionada à saúde prejudicada devido à prevalência desses sintomas e de outras condições como a síndrome de dumping.
Tendo consciência disso, o cuidado com o estado nutricional torna-se imprescindível para otimizar a qualidade de vida do paciente, reduzindo sintomas gastrointestinais, melhorando o quadro nutricional e aumentando assim, a sobrevivência após a cirurgia de esofagectomia.
Referência
Sarah Bennett, Conor F. Murphy, Michelle Fanning, John V. Reynolds, Suzanne L. Doyle, Claire L. Donohoe, The impact of Nutrition and Gastrointestinal Symptoms on Health-related Quality of Life in Survivorship after Oesophageal Cancer Surgery, Clinical Nutrition Open Science, Volume 41, 2022, Pages 44-61, ISSN 2667-2685, https://doi.org/10.1016/j.nutos.2021.11.005.
Nutricionista pelo Centro Universitário São Camilo. Mestranda pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP. Especialização em Obesidade, Emagrecimento e Saúde pela Unifesp. Tutora de cursos EAD do Ganep Educação. Coordenadora do Nutritotal.
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Nutricionista pelo Centro Universitário São Camilo. Mestre pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP. Especialização em Obesidade, Emagrecimento e Saúde pela Unifesp. Experiência profissional em Nutrição Clínica, Nutrição Esportiva, Marketing Nutricional e Docência no Ensino Superior. Coordenadora do Nutritotal.