Fatores ambientais que determinam o IMC após cirurgia bariátrica

Postado em 20 de março de 2023

Estudo demonstra que além das trocas na alimentação, outras condições podem impactar na normalização do IMC após a cirurgia.

Por ser uma condição de saúde multifatorial, a obesidade requer um tratamento que mude não somente a alimentação do paciente, mas também o seu estilo de vida. Essas mudanças levam tempo para surtirem efeito, o que normalmente desmotiva os pacientes e faz com que abandonem o tratamento.

Nesse cenário, a cirurgia bariátrica aparece como uma forma de acelerar o processo de emagrecimento, melhorando a auto-estima do paciente e reduzindo outros riscos de saúde que podem coexistir na obesidade.

Mas, tanto antes, quanto depois da cirurgia, alguns cuidados são necessários. Além da alimentação, fatores ambientais podem continuar interferindo na saúde do paciente e na manutenção do procedimento.

Uma pesquisa decidiu se aprofundar no que acontece com o paciente que passa pelo procedimento, apontando quais são os fatores ambientais que podem determinar o IMC após a cirurgia. Entenda mais sobre esse estudo, a seguir:

Cirurgia Bariátrica

Avaliando o impacto da cirurgia bariátrica

Trinta adultos, sendo 24 mulheres e 6 homens com idade entre 18 e 60 anos, com obesidade grau II ou III e comorbidades foram convidados a participar de uma pesquisa para avaliar os impactos da cirurgia bariátrica e dos cuidados dietéticos nas medidas antropométricas, pressão arterial, estilo de vida e hábitos alimentares, considerando também fatores ambientais que podem interferir nesses índices. 

Esses pacientes estavam sendo acompanhados no Hospital Orlowski em Varsóvia, na Polônia, e foram avaliados pelo grupo de pesquisa antes da cirurgia e depois do 1°, do 3°, do 6° e do 9° mês da operação. 

Eles receberam visitas em cada um desses momentos e recomendações dietéticas de um nutricionista que também planejou um cardápio com produtos recomendados e não recomendados, orientações quantitativas e técnicas culinárias.

Para mensurar os efeitos, os pacientes responderam a um questionário sobre sexo e idade, além de local de residência, escolaridade, atividade profissional, número de membros da família, situação financeira, formas de terapia anteriores, autoavaliação do conhecimento nutricional, recebimento e seguimento de recomendações nutricionais, hábitos alimentares, freqüência de controle do peso corporal e tempo de lazer.

As medidas antropométricas e de pressão foram anotadas e o IMC e a relação cintura-quadril também foram calculados. 

Como os fatores ambientais determinam o IMC?

Após esse longo acompanhamento, os pesquisadores apontaram que o peso corporal e o IMC dos pacientes diminuíram em média 26% e que, após a cirurgia, os pacientes mudaram seus hábitos alimentares.

O IMC teve uma variação de 33% durante os 9 meses, revelando que o tempo pós-cirúrgico pode influenciar na normalização desse índice. Mas, outros fatores também demonstraram algum impacto, são eles: sexo, idade, obesidade na família, número de terapias anteriores, pausas entre as refeições e comer à noite.

Quanto mais velho o paciente, mais facilmente ele normaliza seu IMC. Homens e pacientes que já tinham cuidados antes da cirurgia (dieta/medicamentos) também alcançaram essa normalização com mais facilidade.

Ter histórico familiar de obesidade levou a maior determinação do paciente em normalizar seu IMC. E intervalos menores entre as refeições e redução da alimentação noturna ajudaram nesse processo.

Conclusão

Os pesquisadores concluíram que a cirurgia ajudou na perda de peso e as mudanças alimentares foram determinantes para melhores resultados pós-cirúrgicos. Novos hábitos de vida, maior cuidado com a saúde, controle de peso e melhores escolhas alimentares levaram à rápida normalização do IMC.

Apesar de alguns fatores terem sido apontados como relevantes nos resultados sobre o IMC, alguns são imodificáveis, como sexo, idade e histórico familiar. Mas, outros como cuidados alimentares antes da cirurgia e rotina alimentar com planejamento das refeições, são condições que podem ser significativas e dependem muito do papel do nutricionista.

Então, vê-se que mesmo não atuando diretamente no procedimento cirúrgico, o nutricionista é essencial para os seus resultados. Orientando e mudando a alimentação do paciente desde antes da operação e apoiando as mudanças na rotina e na mentalidade do comer, é possível fazer com que a perda de peso seja duradoura e represente para o paciente uma nova oportunidade de viver com mais saúde. 

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Referência

Wawrzyniak A, Krotki M. Environmental Factors Determining Body Mass Index (BMI) within 9 Months of Therapy Post Bariatric Surgery—Sleeve Gastrectomy (SG). Nutrients. 2022; 14(24):5401. https://doi.org/10.3390/nu14245401

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