Controle da hiperglicemia durante Terapia Nutricional Enteral e Parenteral

Postado em 6 de dezembro de 2013 | Autor: Lidivânia Nascimento

Revisão publicada na revista Current Diabetes Reports afirma que a hiperglicemia é uma ocorrência frequente em pacientes adultos hospitalizados que recebem terapia nutricional, sendo prevalente em até 30% dos pacientes que recebem nutrição enteral (NE) e em mais de 50% dos pacientes que recebem nutrição parenteral (NP), com ou sem histórico de diabetes, sendo assim necessário o monitoramento glicêmico indiscriminado, para que as metas sejam atingidas.

A hiperglicemia é evidenciada pelo aumento da produção da glicose hepática e reduzida utilização da glicose pelos tecidos periféricos em situação de stress metabólico, que ocasiona o aumento dos níveis de mediadores hormonais e citocinas, interferindo assim no metabolismo dos carboidratos.

Segundo a Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos e a Associação Americana de Diabetes (AACE/ ADA) deve-se atingir metas do nível glicêmico entre 140 a 180 mg/dL para pacientes criticamente enfermos. Pacientes não críticos, os níveis de glicemia pós-prandial deve estar compreendido entre 100 e 140 mg/dL e de maneira aleatória abaixo de 180 mg/dL, desde que alcançados de forma segura. Vários estudos observacionais e de intervenção na unidade de terapia intensiva sugerem uma meta glicêmica inferior a 150 mg/dL.

É preferível a NE à NP na prática clínica por várias razões, incluindo taxas mais elevadas de hiperglicemia e infecções, contudo, poucos estudos prospectivos randomizados têm abordado estratégias eficazes para prevenir ou corrigir a hiperglicemia, por isso o controle deve incluir a avaliação das necessidades calóricas, composição de fórmulas e o uso de agentes farmacológicos disponíveis na prática clínica.

Alguns estudos relatam que a insulina é o tratamento de escolha para controlar a hiperglicemia durante a NP. Outras pesquisas mencionam que a associação da NE com a NP, utilizadas para complementar aproximadamente 30% das necessidades nutricionais, reduz significativamente concentrações de glicose intersticial e a resistência à insulina quando comparadas à administração de NP exclusiva.

“De acordo com a ASPEN, nos casos específicos de diabetes a escolha de fórmulas enterais adequadas ainda necessita de estudos para definir recomendações. A disponibilidade de fórmulas enterais com menor teor de carboidrato e maior concentração de gordura monoinsaturada, em comparação com fórmulas padrões comumente usadas em ambientes clínicos, com ou sem adição de fibras, levou o desenvolvimento de estudos que examinam os efeitos sobre o controle glicêmico.”

Os autores concluem que o desenvolvimento de hiperglicemia durante a NP e NE ocorre independentemente da evolução clínica adversa e mortalidade. No entanto, mais estudos prospectivos, randomizados e controlados são necessários para definir metas glicêmicas seguras para beneficiar pacientes que recebem a terapia nutricional, a fim de determinar estratégias ideais. Recomenda-se seguir as diretrizes atuais, que de acordo com a ASPEN, o adulto em terapia nutricional deve atingir a meta glicêmica de 140-180 mg/dL, assim como realizar o monitoramento glicêmico em pacientes com ou sem história de diabetes.

Clique aqui e confira os demais materiais do programa de educação em Nutrição Clínica

Referência (s)

Gosmanov AR, Umpierrez GE. Management of Hyperglycemia During Enteral and Parenteral Nutrition Therapy. Curr Diab Rep. 2013;13(1):155–162

McMahon MM, Nystrom E, Braunschweig C, Miles J, Compher C; American Society for Parenteral and Enteral Nutrition (A.S.P.E.N.) Board of Directors; American Society for Parenteral and Enteral Nutrition. A.S.P.E.N. clinical guidelines: nutrition support of adult patients with hyperglycemia. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2013;37(1):23-36.

Cadastre-se e receba nossa newsletter