Pesquisadores brasileiros demonstraram, em estudo publicado na revista Nutrition, que crianças entre 2 a 6 anos de idade apresentam consumo excessivo gordura saturada e sódio, mas insuficiente em fibras, cálcio e nas vitaminas D e E.
O objetivo do estudo foi estimar o risco nutricional em crianças de 2 a 6 anos que frequentavam creches e jardins de infância, públicas e privadas, em diferentes regiões do Brasil.
A amostra foi composta por 3058 crianças de nove cidades brasileiras. Os critérios de elegibilidade para a inclusão das escolas foram o atendimento em tempo integral e a distribuição de refeições, sendo o porcionamento de alimentos e bebidas realizado por funcionários treinados para servir a mesma quantidade aos alunos.
A avaliação da ingestão de nutrientes foi baseada em registro alimentar, por meio de pesagem direta dos alimentos e diário alimentar. Uma segunda avaliação do consumo alimentar foi feita em uma parte da amostra para estimar o consumo habitual. Além disso, foram realizadas aferições de peso e altura. Os pesquisadores observaram que apenas 22% das crianças menores de 4 anos e 5% das crianças com mais de 4 anos apresentaram consumo adequado de fibras dietéticas. Dentre os micronutrientes: a prevalência da ingestão inadequada de vitamina E variou entre 15% e 29%; mais de 90% das crianças tinham um consumo inadequado de vitamina D; e, em crianças com mais de 4 anos, a prevalência da ingestão inadequada de cálcio foi de aproximadamente 45%.
A maioria das crianças (>90%) consomem quantidades excessivas de sódio e mais de 30% consomem mais gordura saturada do que o recomendado. A frequência de crianças com sobrepeso e obesidade foi de 28%, sendo maior em escolas privadas (32%) do que nas escolas públicas (27%).
“Em resumo, as crianças que receberam a maior parte das suas refeições em creches e jardins de infância têm um consumo insuficiente de fibras, cálcio e vitaminas D e E, além de apresentarem o consumo excessivo de gorduras saturadas e sódio. Portanto, algumas mudanças alimentares são necessárias nas escolas, como também nos lares das crianças. Sugerimos ações para uma dieta saudável que envolva o governo, escolas, professores e familiares”, concluem os autores.
Leia mais:
Mudanças combinadas no estilo de vida ajudam crianças a manter perda de peso
Estudo revela carências e excessos de nutrientes na alimentação de crianças em fase pré-escolar
Referência (s)
Bueno MB, Fisberg RM, Maximino P, Rodrigues Gde P, Fisberg M. Nutritional risk among Brazilian children 2 to 6 years old: A multicenter study. Nutrition. 2013;29(2):405-10.