Interação drogas e plantas medicinais durante a gravidez

Postado em 30 de janeiro de 2018 | Autor: Marcella Gava Brandolis

 Embora as ervas e produtos naturais (EPN)sejam tratados como não prejudiciais e como  alternativa segura à medicina farmacêutica,seu uso tem sido associado a efeitos adversos decorrentes de toxicidade químicae interações erva-droga e erva-erva, dosagem incorreta, constituintes tóxicos eprodutos adulterados ou contaminados com poluentes, microrganismos e metaispesados.

McLay e colaboradores realizaramum estudo para avaliar a prevalência e características do uso de EPN porgestantes, avaliando também prescrições medicamentosas a fim de analisarpossíveis interações erva-droga e seu potencial significado clínico. Foramentrevistadas mulheres em um hospital escocês que estavam entre 18 e 21 semanasde gestação (n=332) ou dentro das primeiras 24h após o parto (n=557). Paraavaliar possíveis interações de plantas e medicamentos foi utilizado oaplicativo Natural MedicinesComprehensive Database. Essas interações foram classificadas em graves (nãousar a associação, perigosa), moderadas (usar cautelosamente ou preferir nãoutilizar), e leves (chance de interação, ficar atento aos sinais).

Das mulheres entrevistadas, 45.3%(403) relataram o uso de ao menos um medicamento sendo que entre elas, 44.9%(181) fizeram uso de pelo menos um EPN, o que significa 20.4% da amostra total.As mulheres no período gestacional reportaram o uso de 16 diferentes EPN, sendoas mais citadas gengibre (35.6%), camomila (23.2%), cranberry (20.5%), e óleode peixe (12,3%). Dentre as parturientes, foram relatados 20 tipos de EPN,sendo os mais comuns raspberry (42.5%), cranberry (26.7%), gengibre (23.7%), óleode peixe (14.8%), e camomila (11.8%). Foram reportados 91 tipos diferentes demedicamentos utilizados, sendo os mais prescritos: antibióticos (18.3%),analgésicos opiáceos (8.3%), anti-heméticos (7.1%), repositor tireoidiano(7.1%), anti-inflamatório não esteroide (AINE) e aspirinas (6.6%), laxantes(6.6%), antiácidos (5.8%), beta-antagonistas (5%), paracetamol (4.6%),anti-ácido (4.1%) e anti depressivo (4.1%).

Dos EPNs relacionados, a aloe vera, camomila, cranberry,óleo de peixe, gengibre, ginseng, toranja e sálvia apresentam potencial paracausar interações com os medicamentos prescritos. Foram identificadas 34potenciais interações erva-droga em 23 indivíduos. A maioria (93.9%) destasinterações foram classificadas emmoderadas, sendo grave a interação entre gengibree nifedipina e leve a interação entre camomila e ondansetron. Os medicamentosque apresentaram maior potencial de interação com os EPNs foram:antitrombóticos, anti-hipertensivos, antibióticos, antidiabéticos, hipnóticos eansiolíticos, analgésicos opiáceos, AINE, hormônios, preventivos deabortamento, inibidores de bombas de próton, insulina e anti-heméticos.

Com estes dados, os autoresconcluíram que quase metade dasmulheres grávidas neste estudo receberam medicamentos e faziam uso de EPNs.Interações erva-droga moderadas a graves foram identificadas em 1 a cada 8mulheres. Os profissionais de saúde devem estar conscientes de que o usosimultâneo de EPNs e medicamentos durante a gravidez é comum e trazem riscospotenciais.

 

Referência:

McLay JS, Izzati N, Pallivalapila AR, Shetty A,
Pande B, Rore C, Al Hail M, Stewart D. Pregnancy, prescription medicines and
the potential risk of herb-drug interactions: a cross-sectional survey.
BMC Complement Altern Med. 2017 Dec 19;17(1):543.

 

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