Introdução alimentar precoce e seus efeitos sobre a qualidade de sono de crianças

Postado em 27 de fevereiro de 2019 | Autor: Marcella Gava

Introdução precoce de alimentos sólidos pode estar associada à melhor qualidade do sono das crianças e das mães

Estudo conduzido por Perkin teve como objetivo determinar se a introdução alimentar de sólidos influencia o sono das crianças. Para isso, o estudo contou com 1303 crianças com três meses de idade atermos, e em aleitamento materno exclusivo. Estas foram divididas em dois grupos: um grupo seguiu a introdução alimentar padrão (IAP), sendo alimentados exclusivamente com leite materno até os seis meses de idade, e o outro grupo seguiu uma introdução alimentar precoce (IAPR), mantendo o aleitamento materno, mas introduzindo alimentos sólidos não alergênicos na primeira semana após os três meses de idade, e após essa primeira semana, incluindo também seis alimentos alergênicos a esta dieta (leite de vaca, amendoim, ovo de galinha, peixe branco e farinha de trigo). Todas as crianças foram acompanhadas por três anos. As mães preencheram questionários que continham questões sobre frequência alimentar, frequência e duração do aleitamento materno, ferramenta de avaliação do sono infantil, e ferramenta para avaliar a qualidade de vida materna aos três meses de idade da criança, um ano e três anos.

Não houve diferença demográfica entre os grupos. A idade média de introdução alimentar foi de 16,2 semanas para IAPR e de 23,1 semanas para IAP, uma diferença significativa. Aos seis meses de idade as crianças de ambos os grupos estavam ingerindo alimentos sólidos nas mesmas quantidades e não apresentaram diferença nos parâmetros antropométricos entre os grupos. As crianças do grupo IAPR apresentaram um tempo de sono com duração significativamente maior que o das crianças do grupo IAP dos cinco meses até um ano de idade. Com análise multivariada, foi estimado que as crianças do grupo IAPR dormiram em média 7,3 minutos a mais por noite que as crianças do outro grupo e aos seis meses de idade essa diferença chegou a 16,6 minutos, além de uma redução de 9,1% no número de vezes que acordaram a noite no grupo IAPR. Somente 42% das crianças do grupo IAPR ingeriram todos os seis tipos de alérgenos recomendados antes dos seis meses de idade, porém nesta parcela os benefícios no sono noturno foram mais acentuados. Não houve diferença no tempo de sono diurno entre os dois grupos. Não houve relação entre os tipos de alimentos introduzidos e o aumento do tempo de sono das crianças IAPR. As crianças do grupo IAP estiveram mais propensas a apresentarem problemas leves ou muito sérios de sono (OR 1,2 e 1,8). Os problemas com sono da criança relatados pelos pais tiveram associação significante com a qualidade de vida global e de sono das mães.

Dessa forma, os autores concluíram que a introdução alimentar precoce de alimentos sólidos tem um efeito significativo, embora leve, sobre as características do sono em crianças. Dessa maneira, a introdução de alimentos sólidos entre 4 e 6 meses representariam uma melhora na qualidade do sono destas crianças.

Referência:

Perkin MR et al. Association of Early Introduction of Solids With Infant Sleep: A Secondary Analysis of a Randomized Clinical Trial. JAMA Pediatr. 2018 Aug; 172(8): e180739.

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