Métodos de avaliação do consumo alimentar

Postado em 27 de janeiro de 2021 | Autor: Aline Palialol

O capítulo apresenta os três principais métodos de avaliação do consumo alimentar

O livro “Nutrition Assessment – Clinical and Research Applications” de Nancy Munoz e Melissa Bernstein é um guia de apoio à prática nutricional clínica que conta com 12 capítulos baseados em pesquisas científicas para ajudar na melhora da qualidade nutricional da alimentação e saúde das pessoas.

No livro há um capítulo que aborda os métodos de avaliação do consumo alimentar, sendo eles, o recordatório de 24 horas, o diário alimentar e o questionário de frequência alimentar (QFA) que estão descritos abaixo.

 Recordatório de 24 horas

O recordatório de 24 horas consiste em uma entrevista com o paciente na qual são feitas perguntas a ele na intenção de avaliar o consumo alimentar. O entrevistador questiona sobre o que o paciente comeu e em quais quantidades ao longo do dia, geralmente iniciando as perguntas a partir da meia noite da data em questão.

Esse método apresenta as seguintes vantagens: não é dispendioso para ser aplicado, é facilmente comparável com o consumo alimentar de grupos, é objetivo e como requer uma memória de curto prazo, há uma baixa probabilidade de os hábitos alimentares apresentados serem alterados.

Entretanto, algumas desvantagens precisam ser mencionadas. Em dietas individuais, o consumo alimentar pode variar entre os dias, o que não permite uma frequência daquela alimentação em outras datas. Outra desvantagem é que as respostas do paciente estão sujeitas a esquecimento, distorção das medidas das porções e alteração por receio do julgamento social. Além disso, é um processo demorado para que o paciente se lembre de todas as informações do dia anterior e é preciso aptidão do entrevistador para fazer as perguntas sem induzir qualquer resposta.

Diário alimentar

Diferente do recordatório de 24h, esse método pode ser de um ou mais dias e é administrado pelo próprio paciente que anota todas as suas refeições, os grupos alimentares e quantidades consumidas.

O registro diário permite que o paciente o faça durante a alimentação, tornando-o ainda mais acessível e pode também ser feito tirando fotos da refeição, o que facilita o processo. Porém, algumas limitações do método podem transformá-lo em uma ferramenta ineficaz. Esse método exige que o paciente seja alfabetizado, a responsabilidade sobre o preenchimento está totalmente no paciente, o consumo alimentar anotado pode não ser regular e as preparações escolhidas podem ter sido simplificadas para facilitar os registros. Além disso, para um estudo, as anotações podem não representar um grupo populacional alvo.

Questionário de Frequência Alimentar (QFA)

Essa ferramenta é a mais completa das mencionadas, conta com uma lista extensa de alimentos e bebidas onde a frequência de consumo pode ser selecionada para cada alimento. Em pesquisas, é um método capaz de identificar etnias, culturas, preferências alimentares individuais e condições econômicas. As quantidades das porções podem ser mensuradas com um tamanho padrão em que o paciente coloca quantas daquela porção consumiu.

Existem 3 tipos básicos de QFA: simples ou não quantitativo, semi-quantitativo ou quantitativo. O simples ou não quantitativo, questiona aos pacientes a frequência que consomem um determinado alimento, sendo as porções ou partes do alimento consumidas irrelevantes. O semi-quantitativo conta com uma lista de alimentos em porções definidas e questiona aos consumidores quantas vezes eles comem um determinado alimento. Por fim, o quantitativo questiona a frequência diária de consumo dos alimentos e o tamanho das porções de acordo com os hábitos usuais do entrevistado.

Para estudos epidemiológicos, esse questionário é o preferido. Ele exige pouco investimento, curto tempo de preenchimento, pode ser usado para refeições atuais ou passadas e ser usado com foco em nutrientes específicos. No entanto, o QFA não descreve o consumo médio, não tem precisão quantitativa, não permite o registro de preparações ou marcas e como consiste em uma lista específica de alimentos, pode não refletir os padrões alimentares de uma população.

Sabendo disso, fica a critério do nutricionista descobrir qual o melhor método para ser utilizado na avaliação do consumo alimentar de seus pacientes.

Referência

Munoz, Nancy, and Melissa Bernstein. Nutrition Assessment: Clinical and Research Applications. 2019.

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