Massa muscular em pacientes hospitalizados: qual é o melhor método de avaliação?

Postado em 14 de fevereiro de 2024

Conheça a associação entre a bioimpedância e a circunferência de panturrilha para medir a massa muscular no ambiente hospitalar.

A perda de músculos, realidade de muitos pacientes internados, pode acarretar em severas consequências, como o maior risco de mortalidade. Sendo assim, a medição de massa muscular em pacientes hospitalizados é crucial na rotina hospitalar, de modo a prevenir desfechos negativos.

Massa muscular em pacientes hospitalizados

Fonte: Canva.com

Para medir a massa muscular em pacientes hospitalizados, há uma diversidade de métodos disponíveis, desde os mais simples até os mais complexos. Nesse sentido, a circunferência de panturrilha (CP) e a bioimpedância elétrica (BIA) se destacam pelo baixo custo, fácil aplicação e correlação com métodos padrão-ouro.

Em novo estudo, pesquisadores avaliaram as associações entre estes dois métodos indiretos, em pacientes hospitalizados e com evento cardíaco recente. Será que estes métodos se relacionam? Afinal, qual deles é o melhor? Descubra os resultados a seguir.

Metodologia: pontos de corte 

Foi conduzido um estudo transversal, incluindo 177 pacientes adultos com idade média de 60,5 anos. Todos os participantes haviam sofrido algum evento cardíaco recente, e estavam internados em uma Unidade Cardiovascular para tratamento.

A coleta de dados antropométricos incluiu peso, altura e circunferência de cintura (CC). O índice de massa corporal (IMC) foi calculado e classificado de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). 

Além disso, os autores mediram a circunferência de panturrilha (CP), e utilizaram pontos de corte propostos para a população brasileira, indicando baixa massa muscular:

  • Baixa CP (homens): ≤34 cm
  • Baixa CP (mulheres): ≤33 cm

Por fim, o índice de massa livre de gordura (IMLG) foi calculado a partir dos valores de resistência e reatância, obtidos por bioimpedância elétrica (BIA). Adotou-se os seguintes pontos de corte:

  • Baixo IMLG (homens):  ≤16,7 kg/m²
  • Baixo IMLG (mulheres): ≤14,6 kg/m²

Associação moderada entre BIA e CP

Na análise dos resultados, os autores observaram que a maioria dos pacientes (87,6%) apresentou baixa CP, com níveis mais baixos entre mulheres e idosos. Similarmente, valores mais elevados de massa livre de gordura (MLG) pela BIA foram encontrados em homens mais jovens. 

Tais achados podem ser explicados biologicamente, pois mulheres possuem um maior teor de gordura corporal do que os homens. Além disso, adultos mais velhos tendem a perder músculos com o envelhecimento.

Em relação à associação entre as medidas de CP e IMLG (medido por BIA), houve uma correlação positiva e moderada entre estes métodos. Em geral, um aumento de 1 kg na massa livre de gordura representou um aumento de 1,59 cm no CP

Qual melhor método para medir massa muscular em pacientes hospitalizados?

O padrão ouro para avaliar a massa muscular em pacientes hospitalizados é a tomografia computadorizada (TC)

Entretanto, embora as imagens tomográficas apresentem alta correlação com o volume muscular corporal, esse exame é pouco acessível na prática clínica. O alto custo, a necessidade de técnicos capacitados e o tempo para analisar as imagens limitam o uso da TC em hospitais de países de baixa e média renda. 

Sendo assim, técnicas como CP e BIA são a realidade de grande parte dos centros hospitalares, e demonstram boa correlação com a TC. Na pesquisa analisada, estes métodos tiveram uma associação moderada. Segundo os autores, os resultados da análise indicam a circunferência de panturrilha como uma boa técnica de triagem. 

Em outro estudo de coorte, a avaliação do exame físico a partir da Avaliação Subjetiva Global (ASG) foi o método de maior concordância com a TC. Especulou-se que o bom desempenho da ASG seja por conta da avaliação de 7 locais corporais (têmpora, clavícula, ombro, escápula, coxa, panturrilha e músculo interósseo).

Conclusão

Em resumo, a pesquisa concluiu que a circunferência de panturrilha e a bioimpedância elétrica possuem uma associação moderada na avaliação da massa muscular em ambiente hospitalar. 

Apesar de não serem o padrão ouro, estas técnicas são de grande importância em unidades com recursos limitados, principalmente a circunferência de panturrilha. 

Seja qual for o método adotado, a frequência dessas avaliações é fundamental para garantir intervenções nutricionais oportunas e eficazes, visando a melhoria do quadro clínico e prevenção de desfechos negativos.

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Referências:

Alves, V. A., Fayh, A. P. T., Queiroz, S. A., Gonzalez, M. C., & de Sousa, I. M. (2023). Muscle mass evaluation in hospitalized patients: comparison between doubly indirect methods. Clinical Nutrition ESPEN.

Souza, N. C., Gonzalez, M. C., Martucci, R. B., Rodrigues, V. D., de Pinho, N. B., Qureshi, A. R., & Avesani, C. M. (2020). Comparative analysis between computed tomography and surrogate methods to detect low muscle mass among colorectal cancer patients. Journal Of Parenteral And Enteral Nutrition, 44(7), 1328-1337.

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