USO CLÍNICO DA CALORIMETRIA INDIRETA: QUAIS OS FATORES QUE INTERFEREM NO EXAME NO PACIENTE EM TERAPIA INTENSIVA?

Postado em 3 de agosto de 2005 | Autor: Rosana Barcellos V. da Fonseca

Co-autores: Alves, VGF; Rocha, EEM; Silva, MHN; Chiesa, CA

Instituição: NUTROCLIN – Clínica São Vicente – Rio de Janeiro

INTRODUÇÃO: A determinação do gasto energético de pacientes em terapia intensiva é fundamental para evitar a oferta calórica inadequada. A realização da Calorimetria Indireta (CI) com este objetivo é cara e não amplamente disponível, necessitando de expertise para a interpretação adequada de seus resultados. Qual a população que efetivamente se beneficia desta avaliação ainda não está bem definida. OBJETIVO: Avaliar as variáveis clínicas que poderiam estar associadas a alterações do gasto energético medido pela CI e que determinariam modificações na estratégia nutricional. METODOLOGIA: Avaliação retrospectiva de 250 CI realizadas em 163 pacientes em terapia intensiva, no período de 1999 a 2004. A CI foi realizada com o aparelho “DELTATRAC II”. O gasto energético basal (GEB) foi calculado pela fórmula de Harris-Benedict (HB). Um fator metabólico de estresse (FM) foi determinado a partir da relação do gasto energético de repouso (GER) com o HB. Os pacientes foram divididos em três grupos de acordo com a conduta adotada após a realização da CI: aumentar, reduzir ou não alterar a terapia nutricional. As variáveis analisadas incluíram o nível de sedação (utilizando a escala de Ramsay), o uso de aminas vasoativas e o estado metabólico: hipometabólico – FM 1,29. RESULTADOS: 163 pacientes estudados, 99 masculinos e 64 femininos, idade 65,3±19,2, IMC 25,9±7,6 e APACHE II 16,8±7,7. A homogeneidade da população pode ser expressa pela semelhança dos valores calculados do GEB (p=0,72), entretanto verifica-se diferença significativa nos grupos após a realização da CI. A análise de variância (ANOVA) confirmou a diferença entre os três grupos analisados quanto ao GER (p=0,009), ao VO2 (p=0,005) e ao RQ (p=0,04), demonstrando que efetivamente se justificou a conduta de modificação da estratégia nutricional após a CI. Apenas os pacientes hipometabólicos (p=0,02) e aqueles que estavam sem sedação (p=0,04) apresentaram diferença significativa em relação ao grupo em que não foi necessária modificação da abordagem nutricional. O FM foi significativamente maior no grupo que necessitou aumento do aporte nutricional (p=0,0004) (vide tabela) CONCLUSÕES: Concluímos que é possível estimar as necessidades energéticas de um paciente em terapia intensiva através da fórmula de HB, utilizando-se um FM baixo (1,15), que é a abordagem utilizada na prática clínica. Entretanto, faz-se necessária a determinação do estado metabólico dos pacientes, possibilitando a identificação do subgrupo hipometabólico, evitando uma oferta calórica excessiva que pode ser desastrosa.

Unitermos: calorimetria indireta, gasto energético, terapia intensiva, estado metabólico

Redução

40 (16%) Manutenção

169 (67,6%) Aumento

41 (16,4%) p

GER 1456±479 1646±522 1801±431 p=0,009

VO2 209±68,8 240±78 263±63 p=0,005

RQ 0,89±0,10 0,85±0,14 0,82±0,07 p=0,04

Sem sedação 16 (40%) 31 (18,3%) 14 (34,1%) p=0,045

Ramsay 3-4 7 (17,5%) 41 (24,3%) 10 (24,4%) p=0,75

Ramsay 5-6 17 (42,5%) 97 (57,4%) 17 (41,5%) p=0,42

Aminas vasoativas 18 (45%) 79 (46,7%) 17 (41,5%) p=0,92

HB 1430±479 1482±368 1490±381 p=0,72

FM (GER/HB) 1,08±0,2 1,14±0,26 1,23±0,17 p=0,0004

Hipometabólicos 18 (45%) 46 (27,2%) 4 (9,8%) p=0,025

Normometabólicos 17 (42,5%) 88 (52,1%) 23 (56,1%) p=0,75

Hipermetabólicos 5 (12,5%) 35 (20,7%) 14 (34,1%) p=0,16

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