Pesquisadores buscaram biomarcador capaz de prever o ganho de peso e doenças associadas
Estudo brasileiro avaliou a presença de biomarcadores no plasma sanguíneo relacionados ao ganho de peso e doenças associadas à obesidade, visando caracterizar o fenótipo dessa população.
Para isso, foi analisado o plasma de 180 brasileiros separados em dois grupos: Grupo Caso (n=90), formado por uma combinação de indivíduos com sobrepeso (IMC ≥25 and <30 kg/m²) e obesos (IMC ≥30e <34,9 kg / m² para obesidade classe I (n = 29); IMC ≥35 e<39,9 kg / m² para obesidade classe II (n = 17); IMC ≥ 40 kg / m² para obesidade classe III (n = 13) e Grupo Controle (n=90), composto por indivíduos eutróficos (IMC entre ≥18 e <24,9 kg / m²).
As amostras foram analisadas em um espectrômetro de massas, que revela todos os metabólitos presentes no fluido corporal, e depois foram processados em um software também criado para a pesquisa Brasileira. O objetivo foi retratar os diversos processos metabólicos ativos no organismo. Os dados foram comparados com resultados da avaliação antropométrica e questionário com informações sobre idade, gênero e histórico familiar de doenças crônicas.
No resultado da análise, os pesquisadores localizaram 18 potenciais biomarcadores. Deles, 8 foram analisados com ténicas metabolômicas e revisões literárias. Foram caracterizados 5 biomarcadores para obesidade, sobrepeso e doenças associadas: di-hidrobiopterina, argininosuccinato – metabólitos envolvidos no ciclo do óxido nítrico e produção de radicais livres – ácido carboxi-4-metil-5-propil-2-furanpropanóico (CMPF), umprostaglandina (PGB2) – metabólitos relacionados à processos inflamatórios – e um metabólito do leucotrieno (Carboxy-LTB4) – relacionado à disfunção nas células produtoras de insulina e com o desenvolvimento de diabetes.
Assim, utilizar a análise metabolômica e o software para avaliação do plasma pode identificar esses biomarcadores com potencial de predizer o ganho de peso e alterações associadas. A presença de Carboxy-LTB4, por exemplo, pode indicar que o paciente tende a desenvolver diabetes caso se torne obeso. Também, a avaliação desses biomarcadores pode refletir o sucesso das intervenções e tratamentos, pois se a intervenção for efetiva, mesmo antes que o indivíduo perca peso, a tendência é que esse metabótitos desapareçam do plasma sanguíneo.
Os autores concluíram com o apoio de estudos anteriores, que há uma ligação entre ganho de peso e inflamação sistêmica através dos biomarcadores identificados associados a um desequilíbrio no óxido nítrico e estresse metabólico.
Referências:
Dias-Audibert FL, Navarro LC, de Oliveira DN, Delafiori J, Melo CFOR, Guerreiro TM, Rosa FT, Petenuci DL, Watanabe MAE, Velloso LA, Rocha AR and Catharino RR (2020) Combining Machine Learning and Metabolomics to Identify Weight Gain Biomarkers. Front. Bioeng. Biotechnol. 8:6
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