Quando o trato gastrointestinal está funcionando, mas devido alguma alteração no trato gastrointestinal superior a ingestão alimentar por via oral é contraindicada, recomenda-se a gastrostomia percutânea, podendo ser realizada através de uma laparotomia, via endoscópica ou por meio de uma laparoscopia. No entanto, o procedimento mais utilizado na prática é a gastrostomia endoscópica percutânea.
A gastrostomia endoscópica percutânea
Também conhecida como técnica de Hunter, a gastrostomia percutânea endoscópica (GPE) é hoje a maneira mais indicada pelas diretrizes para a passagem da gastrostomia, por ser de fácil execução, de baixa morbidade e por ser possível realizá-la com sedação e anestesia local à beira leito.
A gastrostomia é indicada a pacientes em que a nutrição enteral (NE) seja superior a um mês, ou que apresenta disfagia, devido a um tumor na cabeça ou com doenças neurológicas, contribuindo com a manutenção do aporte nutricional e com a melhora na qualidade de vida desses indivíduos.
Como é realizado o procedimento?
Com a ajuda de um endoscópio, é feito um pequeno orifício entre o estômago e a parede abdominal, por onde é passado o fio guia que segue até a cavidade oral. Através do fio guia, uma sonda é inserida na cavidade oral, chega ao estômago e, então, é fixada de maneira a permitir a comunicação entre o estômago e o meio externo para recebimento da dieta.
O procedimento geralmente é realizado com sedação ou anestesia local e com uso de antibióticos para minimizar o risco de possíveis complicações e, após a sua realização, o paciente pode receber a alimentação pela via em poucas horas.
Contraindicações e complicações
O procedimento é contraindicado em casos de obstrução pilórica ou do trato gastrointestinal, pacientes com ascite, com a impossibilidade de acesso endoscópico ao estômago ou intestino, desordem de coagulação sanguínea, e em indivíduos com psicoses, obesidade mórbida e paciente terminal.
Apesar de ser considerado um método seguro, pode haver algumas complicações relacionadas à migração da sonda, dor no local da sua inserção, obstrução da sonda, ou ocorrência de infecção da pele ao redor da sonda.
Porém, para evitar algumas dessas complicações é indicada a lavagem da sonda com água morna, após a ingestão da alimentação, evitar a ingestão de alimentos ácidos ou de bebidas alcoólicas, além de fazer a assepsia e curativo tópico no local.
Assim, cabe à equipe multidisciplinar aconselhar o paciente e os familiares sobre os cuidados, a fim de evitar possíveis complicações em que impactam no sucesso da terapia nutricional.
Veja também: Ostomia: o que é? E quais são os cuidados?
Referência
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