O que é por que ocorre a mucosite oral?

Postado em 22 de fevereiro de 2013 | Autor: Rita de Cássia Borges de Castro

A mucosite oral é consequência de um processo inflamatório local, em que os tratamentos quimio e radioterápicos (para tumores de cabeça e pescoço) são importantes causas desta afecção.

As complicações bucais da quimioterapia do câncer podem ser divididas em dois tipos principais: os problemas que resultam da ação direta da droga sobre os tecidos bucais (estomatotoxicidade direta); e os problemas bucais causados pela modificação de outros tecidos, como a medula óssea (estomatotoxicidade indireta). Com isso, a leucemia e o linfoma são exemplos de neoplasias malignas que causam supressão da medula óssea e tendem a estar associadas a complicações bucais com maior frequência.

A ocorrência de mucosite oral varia de 40 a 60% em pacientes em tratamento quimioterápico. Já nos pacientes sob condicionamento para transplante de medula óssea, essa incidência pode chegar a 75% e quando o tratamento quimioterápico é associado à radioterapia esse valor pode atingir 90% de ocorrência.

A ocorrência e a gravidade da mucosite oral está relacionada ao tipo de tratamento antineoplásico (intensidade da dose administrada, frequência e duração do tratamento) assim como por fatores relacionados ao paciente como idade, estado nutricional, alcoolismo, tabagismo e higiene bucal.

Clinicamente, a mucosite oral é caracterizada inicialmente por uma área eritematosa na mucosa bucal podendo evoluir para uma ulceração, resultando em dor intensa (odinofagia), desconforto, disfagia e disgeusia. Essas manifestações clínicas podem influenciar diretamente o estado nutricional dos pacientes oncológicos, aumentando o risco de desnutrição e suas complicações associadas. Além disso, os pacientes com mucosite oral podem apresentar desidratação, infecções bacterianas, fúngicas, humor perturbado e alterações do sono.

A prevenção e o tratamento nutricional da mucosite oral ainda não estão totalmente estabelecidos. Algumas diretrizes incluem alguns nutrientes importantes que podem contribuir para a prevenção e tratamento, como os suplementos vitamínicos (vitamina C, B, E e betacaroteno) e a glutamina. A glutamina oral demonstra ser uma opção eficaz para o tratamento profilático da mucosite de início recente. Alguns estudos demonstraram efeitos benéficos do uso de probióticos, pois contribuem para a modulação da microbiota oral e inibição de citocinas pró-inflamatórias. Outra abordagem é o uso de camomila (Chamomilla recutita), por apresentar propriedades anti-inflamatórias, bacteriostáticas e antissépticas. Apesar do seu efeito não comprovado, a utilização de bochechos com o chá de camomila parece conferir importante redução no grau e no alívio dos sintomas da mucosite.

Leia mais:

A eficácia do uso da glutamina na recuperação da mucosite oral em pacientes submetidos ao transplante de medula óssea

 

Bibliografia

Peterson DE, Lalla RV. Oral mucositis: the new paradigms. Curr Opin Oncol. 2010;22(4):318-22.

Worthington HV, Clarkson JE, Bryan G, Furness S, Glenny AM, Littlewood A. Interventions for preventing oral mucositis for patients with cancer receiving treatment. Cochrane Database Syst Rev. 2011;(4):CD000978.

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