Os isotiocianatos (ITCs) são compostos formados a partir dos glicosinolatos por ação da enzima mirosinase. Esta enzima está presente principalmente nos vegetais crucíferos como couve-flor, repolho, brócolis, couve-manteiga e couve de bruxelas.
Atualmente existem mais de 20 ITCs descritos na literatura, sendo que a sua quantidade em cada alimento varia muito entre os vegetais estudados. O consumo de ITCs por meio da dieta tem sido relacionado com a redução do risco de diversos tipos de câncer, incluindo pulmão, esôfago, mama, próstata, fígado, intestino delgado, cólon e bexiga. Os estudos sugerem seu uso para a prevenção de câncer ou como agente que pode contribuir com o tratamento antineoplásico.
O sulforafano (SFN) é o isotiocianato mais estudado por possuir a capacidade de modular o metabolismo de carcinógenos e proteção contra o estresse oxidativo. O brócolis é uma das principais fontes de SFN e tem sido alvo de intensas pesquisas científicas em estudos que avaliam a sua relação com a prevenção do câncer. O SFN também está envolvido em inúmeros processos moleculares que regulam a expressão de genes, como os mecanismos epigenéticos. Essa modulação está associada com as modificações em histonas, um processo dinâmico que altera a estrutura da cromatina.
O idol-3-carbinol é também um isotiocianato bastante estudado por possuir propriedades hepatoprotetoras e anticarcinogênicas, estando associado com a redução do risco de câncer de mama, próstata e ovário.
Outros isotiocianatos que vem ganhando destaque são o isotiocianato de benzila (BITC), encontrado no mamão, e o isotiocianato de feniletila (PEITC), presente no agrião, que também possuem propriedades que impedem o crescimento desordenado de células cancerígenas.
Apesar do avanço nos estudos sobre os isotiocianatos ainda são necessárias mais evidências para estabelecer recomendações específicas com relação a prevenção e tratamento do câncer, por meio do consumo de alimentos fontes desses compostos.
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