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O salmão de cativeiro é uma boa fonte de ômega 3?

Postado em 25 de julho de 2014 | Autor: Alweyd Tesser

Depende. O salmão não produz ácidos graxos ômega 3, portanto a quantidade e o tipo de ômega 3 encontrado em sua carne são baseados na sua alimentação. O salmão selvagem se alimenta de peixes menores, moluscos e crustáceos, sendo esses últimos consumidores de algas e plânctons e dessa forma obtêm o ômega 3 e sua famosa cor rosada. No caso do salmão de cativeiro, a composição de ácidos graxos é um reflexo da composição da ração que ele recebe.

Uma vez que os ácidos graxos EPA e DHA são essenciais para o salmão, eles estão presentes em sua ração, sendo que a sua deficiência pode cessar o crescimento, além de provocar patologias e até a morte do animal. Em um estudo publicado na revista Aquaculture Update, os autores afirmam que os peixes são alimentados com rações contendo óleo de peixe suficiente para manter os níveis de ω-3 equivalentes a maioria dos peixes selvagens.

Um estudo realizado na Noruega comparou a composição de ácidos graxos presentes em filés de salmão selvagem com filés de salmão de cativeiro e observaram que o filé de salmão selvagem continha 23% de ácidos graxos saturados (AGS), 45% de ácidos graxos monoinsaturados (AGM) e 24% de ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) e o filé de salmão de cativeiro continha 19% de AGS, 47% de AGM e 21% de AGPI. Os autores observaram ainda que a quantidade de ácido eicosapentanóico (EPA) encontrada em filés de salmão de cativeiro foi quase o dobro da encontrada no salmão selvagem (0,41 g por 100 g em comparação com 0,26 g por 100 g) e a quantidade de ácido docosahexaenóico (DHA) também foi maior no salmão de cativeiro (0,62 g por 100 g, em comparação com 0,52 g por 100 g). Já a razão ω-6/ ω-3 foi cinco vezes maior no salmão de cativeiro, entretanto, ambas foram menor que 1. Diante desses resultados os autores concluem que o consumo de salmão de cativeiro pode contribuir para o aumento da ingestão de ω-3 e diminuição da razão ω -6/ ω -3.

Em 2014, o British Journal of Nutrition publicou um estudo no qual os produtos de salmão disponíveis em varejistas do Reino Unido foram analisados para determinar os níveis de ω-3. Como resultado, os produtos de salmão de cativeiro, invariavelmente, apresentaram níveis mais elevados de ω-3 em termos absolutos (g/100 g de filé) e, por isso, uma quantidade mais elevada de EPA e DHA por porção. Os autores concluem que, no geral, o salmão de cativeiro continua a ser uma excelente fonte de ω-3 para os consumidores.

 

Bibliografia

Food and Agricultural Organization (FAO). The state of world fisheries and aquaculture 2012. Acessado em 23/07/2014. Disponível em: http://www.fao.org/docrep/016/i2727e/i2727e.pdf

Ikonomou, M.G. et al. Flesh Quality of Farmed and Wild Salmon from British Columbia:Factors Affecting Fatty Acid and Contaminant Residue Levels. Aquaculture update, 2007; 100:1-12.

Jensen, I. J. et al. Farmed Atlantic salmon (Salmo salar L.) is a good source of long chain omega-3 fatty acids. Nutrition Bulletin, 2012; 37:25–29.

Henriques, J. et al. Nutritional quality of salmon products available from major retailers in the UK: content and composition of n-3 long-chain PUFA. British Journal of Nutrition, 2014. [Epub ahead of print].

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