Obesidade materna está associada a malformações congênitas

Postado em 15 de julho de 2017 | Autor: Alweyd Tesser

Um estudo sueco publicado no periódico The BMJ examinou os dados sobre 1,2milhões de nascimentos na Suécia e demonstrou que as chances de problemas comoanomalias cardíacas, malformações do sistema nervoso, e deformidades dosmembros aumentam proporcionalmente com a gravidade da obesidade materna noinício da gestação.

Para avaliar a relação entre o grau da obesidade maternae a probabilidade de anomalias congênitas os pesquisadores examinaram osregistros de nascimentos não gemelares em toda a Suécia entre 2001 e 2014.

As mulheres foram agrupadas de acordo com o índice demassa corporal (IMC) no momento da primeira consulta de pré-natal. As gestantescom baixo peso tinham IMC menor que 18,5; as grávidas com o peso normal tinhamIMC de 18,5 a 24,9; e as gestantes com excesso de peso tinham IMC de 25 a 29,9.

As mulheres com obesidade classe I tinham IMC de 30 a34,9, seguidas daquelas de classe II, com IMC de 35 a 39,9, e da obesidade maisgrave, a classe III, com IMC igual ou maior que 40.

No geral, 43.550 bebês ou 3,5% tiveram malformaçõescongênitas graves. Os defeitos cardíacos foram os mais comuns, seguidos deanomalias dos órgãos genitais, dos membros, do sistema urinário, do sistemadigestivo e do sistema nervoso.

O risco global de anomalias congênitas graves foi de 4,1%para os meninos e de 2,8% para as meninas.

Para as mulheres com peso normal o risco de anomaliascongênitas graves foi de 3,4%, concluiu o estudo. Para as gestantes obesas, orisco variou de 3,8% a 4,7%, aumentando à medida que o peso das mulheresaumentava.

Embora o maior número de malformações tenha comprometidoo coração, o maior aumento do risco associado à obesidade foi o de problemas nosistema nervoso. Em comparação com as mães de peso normal, o risco demalformações do sistema nervoso aumentou de 44% para 88% proporcionalmente àgravidade da obesidade.

Depois de explicar outros fatores passíveis deinfluenciar a probabilidade de anomalias congênitas, como idade materna, estadocivil, escolaridade, país de nascimento e status de tabagismo, os pesquisadoresdescobriram que as mulheres com obesidade mais grave no estudo tiveram umapropensão 37% maior de ter bebês com anomalias congênitas do que as gestantescom peso normal.

Embora o estudo não tenha demonstrado por que a obesidademais grave apresentou maior risco de anomalias congênitas, é possível que osproblemas de saúde relacionados com o excesso de peso, como estadoinflamatório, alterações metabólicas, aumento da sensibilidade à insulina ecomprometimento da função vascular possam desempenhar algum papel.

“O período mais delicado do desenvolvimento dosórgãos do feto são as primeiras oito semanas de gestação e, em particular,durante esse período, o índice de massa corporal (IMC) materno pode ter umarepercussão negativa”, concluem os autores. “Isso significa que éimportante tentar manter o peso corporal o mais próximo possível do normalantes da concepção”, afirmam.

Os autores observam ainda que o estudo não foi um ensaioclínico controlado projetado para provar que a obesidade mais grave causadiretamente maior probabilidade de anomalias congênitas. Outra limitação doestudo é ter incluído somente os nascidos vivos. Os abortos espontâneos, osnatimortos e os abortos induzidos são mais comuns quando os bebês têm anomaliasgraves.

Referência

Persson
M, Cnattingius S, Villamor E, Söderling J, Pasternak B, Stephansson O, et al. Risk
of major congenital malformations in relation to maternal overweight and
obesity severity: cohort study of 1.2 million singletons. BMJ. 2017; 357:j2563.

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