Personalizar estratégias nutricionais na UTI garante melhor oferta calórica até a alta hospitalar

Postado em 7 de abril de 2025

Intervenção nutricional personalizada na UTI eleva significativamente a ingestão calórica e proteica durante a hospitalização.

Doenças críticas induzem um catabolismo significativo, causando perda muscular e perda de peso. Embora haja a hipótese de que estratégias nutricionais na UTI, como a nutrição aumentada, possam prevenir essas perdas, os benefícios definitivos ainda não são totalmente conhecidos.

A Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo categoriza a doença crítica nos estágios “agudo inicial”, “agudo tardio” e “recuperação”, recomendando nutrição personalizada e progressiva com base em cada uma delas. 

estratégias nutricionais na UTI

Fonte: Canva

No entanto, desafios práticos, como intolerância gastrointestinal e jejum, frequentemente limitam o fornecimento de energia a menos de 50% durante a fase inicial, e podem impedir o aumento prolongado da nutrição.

Recentemente, a pesquisa INTENT (Intensive Nutrition Therapy ComparEd to usual care iN criTically ill adults) buscou determinar se uma intervenção nutricional personalizada durante a hospitalização poderia fornecer mais energia do que o tratamento usual para pacientes admitidos na UTI. Confira os achados a seguir.

Metodologia: 237 pacientes inclusos

Um estudo multicêntrico, não cego, de grupos paralelos, de fase II foi conduzido em 22 hospitais na Austrália e Nova Zelândia. 

Os 237 pacientes eram adultos (≥ 18 anos), necessitando ventilação mecânica invasiva (VM) por 72 a 120 h na UTI, e recebendo < 80% das necessidades energéticas estimadas da nutrição enteral (NE).

No total, 118 pacientes receberam tratamento usual, enquanto 119 passaram pela intervenção (nutrição personalizada).

No início do estudo, na UTI, nutrição parenteral suplementar (NP) foi fornecida sempre que o fornecimento diário de energia estava abaixo de 80% da necessidade energética. Isso foi seguido por cuidados nutricionais personalizados, com nutrição oral, enteral ou parenteral de acordo com indicação de um um nutricionista, até a alta hospitalar ou dia 28.

Com tais intervenções, visou-se fornecer energia entre 80 a 100% das necessidades previstas em todos os momentos.

Os participantes eram revisados ​​diariamente por um nutricionista do estudo para garantir que o plano de gerenciamento nutricional fosse apropriado.

O desfecho primário foi a energia fornecida pela terapia nutricional em kcal/dia até a alta hospitalar ou dia 28.

Os desfechos secundários incluíram ingestão de proteína (g/dia), duração da internação hospitalar, dias sem ventilação mecânica até o dia 28, e taxa total de infecção da corrente sanguínea.

Nutrição personalizada aumentou a ingestão calórica e proteica

O período mediano de intervenção foi de 19 dias em ambos os grupos (nutrição personalizada e tratamento usual).

A intervenção demonstrou um aumento significativo no fornecimento de energia e proteína, utilizando NP suplementar na UTI e suplementos nutricionais orais no período tardio da UTI e pós-UTI.

O fornecimento de energia foi de 1796 ± 31 kcal/dia (nutrição personalizada) versus 1482 ± 32 kcal/dia (tratamento usual), com uma diferença média ajustada de 271 kcal/dia.

A entrega de proteína na nutrição personalizada foi de 93 ± 2 versus 72 ± 2 g/dia no tratamento usual (diferença média ajustada de 19 g/dia). Nenhuma diferença foi observada em nenhum desfecho secundário.

Vale ressaltar que a implementação bem-sucedida da intervenção nutricional personalizada exige um nível maior de suporte especializado do que o habitual. Estudos observacionais anteriores já mostraram que a presença de um nutricionista na UTI pode melhorar o fornecimento de nutrição e aumentar o foco da equipe.

Na pesquisa atual, a intervenção tardia na UTI e pós-UTI envolveu um plano nutricional personalizado fornecido por nutricionista com três revisões formais semanais, mudanças individualizadas na alimentação hospitalar com base nas preferências, suplementos nutricionais orais diários e adicionais conforme necessário.

O que podemos concluir?

Em resumo, uma intervenção nutricional personalizada iniciada na UTI e continuada até a alta hospitalar alcançou um aumento significativo no fornecimento de energia ao longo da duração da hospitalização para pacientes admitidos na UTI.

Para ler o artigo científico completo, clique aqui.

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Referência:

Ridley, E.J., Bailey, M., Chapman, M.J. et al. The impact of a tailored nutrition intervention delivered for the duration of hospitalisation on daily energy delivery for patients with critical illness (INTENT): a phase II randomised controlled trial. Crit Care 29, 8 (2025). https://doi.org/10.1186/s13054-024-05189-3

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