Os edulcorantes, também conhecidos como adoçantes, são aditivos alimentares que conferem o sabor doce, utilizados em alimentos e bebidas industrializados com o objetivo de substituir total ou parcialmente o açúcar.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), adoçantes de mesa são produtos formulados para conferir o sabor doce aos alimentos e bebidas. Já os adoçantes dietéticos referem-se às formulações com objetivo de dietas com restrição de sacarose, frutose e glicose.
A avaliação para o uso seguro de edulcorantes é feita através de diversos estudos científicos para comprovação da inexistência de efeitos adversos decorrentes do seu consumo. Com base nisso, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estabeleceu uma Ingestão Diária Aceitável (IDA), expressa em miligrama por quilo de peso corporal (mg/kg de peso corporal) para cada tipo de edulcorante.
Apesar de gerar bastante polêmica, de acordo com o instituto americano do câncer e outras agências de saúde, não há nenhuma evidência científica sólida de que qualquer um dos adoçantes artificiais aprovados para uso possam causar câncer ou outros problemas de saúde graves, desde que consumidos dentro das doses recomendadas.
O reconhecimento do impacto negativo do consumo de bebidas adoçadas com açúcar no aumento da obesidade e suas comorbidades, tem gerado aumento no consumo de adoçantes dietéticos, como uma forma de reduzir o risco dessas consequências. No entanto, algumas evidências sugerem que o consumo excessivo de adoçantes dietéticos também podem estar relacionadas com maior risco de ganho excessivo de peso, síndrome metabólica, diabetes tipo 2 e doença cardiovascular.
No estudo de Fowler e colaboradores, em que foi avaliada a mudança de peso em homens e mulheres durante 7-8 anos, relataram que, entre os participantes que estavam com peso normal ou excesso de peso no início do estudo, o risco de ganho de peso e obesidade foram significativamente maiores naqueles que consumiam grandes quantidades de adoçantes dietéticos.
Outro estudo demonstrou que o consumo excessivo de refrigerantes diet aumentou em 31% o risco de desenvolver obesidade e em 53% o risco de desenvolvimento de síndrome metabólica.
Alguns pesquisadores levantam a hipótese de que haja um efeito compensatório no consumo alimentar por alimentos mais calóricos, quando a ingestão de adoçantes dietéticos é excessiva. Outros sugerem que, por terem poder de doçura maior que o açúcar, alguns adoçantes artificiais podem alterar os receptores de doçura no tecido adiposo e estimular o aumento de novas células de gordura.
Entretanto, embora essas evidências possam gerar preocupação, ainda são necessários mais estudos clínicos que avaliem esses efeitos metabólicos do uso de adoçantes dietéticos em longo prazo.
Leia mais:
Ingestão diária aceitável de adoçantes
O consumo de edulcorantes artificiais é seguro?
Adoçantes calóricos e não calóricos
Bibliografia
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