Qual o papel dos aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA) em exercícios de longa duração?

Postado em 27 de julho de 2012 | Autor: Rita de Cássia Borges de Castro

 

Os aminoácidos da cadeia ramificada (leucina, isoleucina e valina), conhecidos como ACR ou BCAA, do inglês, branched-chain amino acids, correspondem a cerca de 35% dos aminoácidos essenciais presentes nas proteínas musculares. Esses aminoácidos têm sido aplicados na prática clínica esportiva com o objetivo de promover anabolismo proteico muscular, diminuir a fadiga central, favorecer a secreção de insulina, melhorar o sistema imunológico, bem como diminuir o grau de lesão muscular induzido pelo exercício físico de longa duração.

Os ACR são pouco oxidados pelo fígado, sendo metabolizados principalmente pelo músculo esquelético. Estes aminoácidos destacam-se por participarem da síntese de proteínas, são precursores de carbono para a síntese de intermediários do ciclo de Krebs, dos corpos cetônicos e de lipídios, além de serem precursores de carbono e nitrogênio para a síntese de glutamato, alanina e glutamina.

O exercício de longa duração até a exaustão provoca diminuição do conteúdo de glicogênio, diminuição dos intermediários do ciclo de Krebs e aumenta a oxidação de ACR. Estima-se que a oxidação de aminoácidos contribui com 3 a 18% do total de energia utilizada durante a realização de um exercício físico prolongado (duas a três horas). Estudos demonstram que durante o exercício prolongado há um aumento do catabolismo de ACR na fibra muscular, especialmente do aminoácido leucina e este é o aminoácido primariamente responsável pela estimulação da síntese proteica.

Pesquisas sugerem que a suplementação com ACR antes do exercício atenua a degradação de proteínas musculares durante o exercício e atenua a lesão muscular induzida pelo exercício físico, ao mesmo tempo em que pode favorecer o processo de recuperação muscular. Além disso, estudos verificaram que a suplementação com ACR diminui a dor muscular de início tardio e da fadiga muscular por alguns dias após o exercício físico, sugerindo que esta suplementação possa ser utilizada para a recuperação muscular pós-exercício.

 

Os ACR são doadores de nitrogênio para a síntese de glutamina, e alguns estudos têm avaliado a eficácia da suplementação durante o exercício para manter a concentração de glutamina no plasma e para modular o sistema imunológico durante o exercício. O exercício intenso e prolongado está associado com temporária imunossupressão que afeta macrófagos, neutrófilos e linfócitos. Um estudo mostrou que a suplementação de ACR (6 g/d) durante 2 a 4 semanas e uma dose de 3 g, 30 minutos antes de uma corrida de longa distância ou triatlo impediu a queda de 24% na concentração de glutamina plasmática observada no grupo de placebo e também melhorou a resposta imunológica, evitando a queda de 40% na proliferação de linfócitos observada após exercício no grupo placebo.

No entanto, ainda são necessários mais estudos para confirmar os seus efeitos no desempenho de atletas e para o estabelecimento das doses ideais.

 

Bibliografia

Rogero MM, Gomes MR, Tirapegui J. Nutrição e exercício física. In: De Angelis RC, Tirapegui J. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2007. p.371-400.

Gleeson M. Interrelationship between physical activity and branched-chain

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