Sistema imunológico e nutrição: quais nutrientes fortalecem essa relação?

Postado em 21 de agosto de 2020 | Autor: Dr. Dan L. Waitzberg

Vitaminas A, D e C, ferro, zinco, selênio e lactobacilos ajudam a prevenir gripes e resfriados

Nosso sistema imunológico ou resposta imune é responsável por combater infecções e doenças e, ao mesmo tempo, desenvolver uma tolerância para evitar alergias e doenças autoimunes.

O seu funcionamento é bastante complexo e envolve um conjunto de células e citocinas (tipos especiais de proteínas que podem modificar funções celulares) que trabalham de forma integrada. A proteção imunológica acontece em varias linhas de defesa. A primeira é inespecífica, representada pela barreira física da pele e mucosas. Existe também a resposta imune inata, que responde contra antígenos, também de maneira inespecífica, por meio de processos inflamatórios e migração de células de defesa. Por fim, a resposta imune adaptativa ou específica que possui caráter mais duradouro, e é responsável pela formação de memória imunológica específica, como é o caso de vacinas.

A seguir vamos discutir a relação entre sistema imunológico e nutrição, seu impacto na saúde e proteção para algumas doenças.

 

  1. Como a alimentação contribui com o funcionamento do sistema imunológico?

Existe uma relação bastante importante entre alimentação, estado nutricional do indivíduo e funcionamento do sistema imunológico.

Os alimentos e sua composição de macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras), minerais e vitaminas assim como milhares de compostos bioativos influenciam o desenvolvimento de células imunológicas, que têm vida curta e alta reposição e, portanto, muito vulneráveis às deficiências nutricionais.

Entre os principais nutrientes envolvidos no bom funcionamento do sistema imunológico, destacam-se: proteínas, vitaminas A, D e C, ferro, zinco, selênio, fibras e probióticos. É importante lembrar que o comprometimento do sistema imunológico pode refletir deficiências nutricionais que, dificilmente acontecem de maneira isolada, sendo, portanto, necessário a reposição de vários nutrientes ao mesmo tempo.

Consequentemente, desvios nutricionais, como obesidade e desnutrição, podem comprometer a resposta imunológica, por meio de alterações hormonais e de citocinas (tipos especiais de proteínas que podem modificar funções celulares) associadas a mudanças nas populações de células imunológicas. Em indivíduos obesos, pode acontecer uma inflamação crônica de baixo grau que aumenta o risco de doenças metabólicas e cardiovasculares, e interrompe a imunidade protetora.

Na pessoa desnutrida acontece diminuição do número de células imunológicas, o que pode comprometer o reestabelecimento da saúde em situações de doença ou mesmo, aumentar a ocorrência de infecções.

  1. Qual a relação entre intestino/microbiota e sistema imune?

A relação entre o intestino, a microbiota e sistema imune é intensa e contínua.  Para entender melhor, precisamos lembrar que nosso intestino, responsável pela digestão e absorção de nutrientes, está sempre em comunicação com o meio ambiente através do contato com qualquer substância ingerida. As finas paredes do intestino não podem permitir que muitas dessas substancias, bactérias, vírus e parasitas penetrem no nosso meio interno. Para nos proteger de microrganismos prejudiciais à saúde existe uma forte barreira mucosa intestinal composta de diversos mecanismos: (1) uma camada externa de muco que reveste as células epiteliais intestinais, (2) secreção de células epiteliais de diferentes peptídeos antimicrobianos, (3) atividade de células de Paneth e (4) síntese e secreção de imunoglobulina A. Todas essas frentes  agem simultaneamente para nos proteger.

Além disso, todo o nosso corpo, incluindo o trato gastrointestinal, é habitado por uma comunidade de microrganismos (microbioma) essenciais para a saúde humana e cuja composição depende de vários fatores do hospedeiro e ambientais.

Particularmente no intestino, existe uma intensa relação entre esses microrganismos, principalmente bactérias, e o sistema imunológico, que difere conforme a localização (intestino delgado ou grosso).

Enquanto a maioria dos microrganismos são comensais, alguns podem causar doenças em certas circunstâncias (patobiontes) são potencialmente patogênicos para o organismo humano após mudanças. Embora os lactobacilos sejam superados em número por outras bactérias do cólon, eles são dominantes no intestino delgado. Abaixo discutiremos mais detalhes sobre os lactobacilos.
  1. O que são Lactobacilos?

São bactérias Gram positivas, não patogênicas e não toxigênicas, associadas à produção de ácido láctico a partir de carboidratos. Os lactobacilos são, em geral, muito seguros e há muito tempo conhecidos por sua função de fermentação e, por isso, usadas ​​para preservação de alimentos por milhares de anos. Atualmente, observamos grande utilização do “Grupo Lactobacillus casei” pela indústria de alimentos na produção de leites fermentados. Fazem parte desse grupo as espécies Lactobacillus casei, Lactobacillus paracasei e Lactobacillus rhamnosus, que, quando ingeridos, têm sido associados com benefícios à saúde.

  1. Quais os benefícios para saúde relacionados aos Lactobacillus casei defensis?

Vários estudos científicos apontam os benefícios associados ao consumo regular de L. casei defensis para a saúde de crianças, adultos e idosos. Destaca-se seu efeito sobre as doenças infecciosas comuns de trato respiratório, como gripe, e também que afetam o trato gastrintestinal, como gastroenterocolites com manifestação diarreica.

Em 1072 voluntários idosos, os autores Guillermard e colaboradores (2010a), em estudo aleatório, controlado,  observaram que os indivíduos que receberam 200g/dia da bebida fermentada contendo o L. casei defensis apresentaram redução importante no número de episódios e duração de infecções do trato respiratório superior (p=0,001).

Em crianças, Merenstein e colaboradores (2010) também observaram redução de 19% da ocorrência de doenças infecciosas, principalmente infecções gastrintestinais, após o consumo diário de 200g de bebida fermentada contendo de L. casei defensis por 90 dias.

  1. Qual o papel do  casei no sistema imune?

O consumo regular de L. casei defensis parece estimular o sistema imunológico. Em indivíduos adultos expostos ao estresse, o consumo de 200g/dia de leite fermentado contendo L. casei defensis, durante 3 meses, resultou em aumento na contagem total de células brancas tipo leucócitos e neutrófilos. Também se observou aumento de várias classes de linfócitos, interleucinas-1, TNF-α e citocina de células Th1. O que contribuiu para a redução dos casos de infecções em geral.

  1. Onde posso encontrar o Lactobacilus casei defensis?

 L.casei defensis é o nome patenteado da cepa Lactobacillus paracasei ssp. paracasei CNCMI-1518, uma cepa exclusiva encontrada no Actimel.

  1. O que é Actimel?

Actimel é um produto lácteo fermentado de fórmula exclusiva, que contém 10 bilhões de UFC de Lactobacilos casei defensis, vitaminas C, D e zinco, com efeitos documentados sobre diarreias associadas ao uso de antibióticos, doenças infecciosas comuns, resposta imune e alergias.

  1. Existe relação entre Actimel (Lactobacilus casei defensis) e gripes/resfriados?

Vários estudos testaram os efeitos de Actimel sobre a ocorrência de doenças respiratórias infecciosas comuns, como gripes e resfriados. Em diversos grupos, incluindo crianças, adultos e idosos, consumo regular de Actimel por período de 3 meses foi associado com menor ocorrência de gripes e resfriados, menor duração da infecção e o retardo em tempo do início da primeira infecção em comparação aos grupos controle que receberam bebida láctea padrão.

  1. Recomendações gerais

O consumo regular de bebidas contendo lactobacilos contribui para o bom funcionamento do sistema imunológico e prevenção de infecções, assim como o consumo regular de vitamina C, D e do mineral zinco também demonstra benefícios. Além disso, deve-se associar o consumo de leite fermentado, como o Actimel, a hábitos alimentares saudáveis e prática de atividade física que, comprovadamente, também possuem efeitos positivos sobre a resposta imune e saúde do indivíduo.

 

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Referências

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