Terapia nutricional instituída adequadamente melhora resultados clínicos em crianças gravemente doentes

Postado em 8 de junho de 2012 | Autor: Rita de Cássia Borges de Castro

Pesquisadores publicaram na revista Critical Care Medicine um estudo que reuniu dados de diversas unidades de terapia intensiva pediátrica (UTIP) do mundo, com o objetivo de examinar os fatores que influenciam a adequação da ingestão de energia, relacionando-os com desfechos clínicos em crianças sob ventilação mecânica.

Trata-se de um estudo de coorte prospectivo, multicêntrico, com crianças (de 1 mês a 18 anos de idade) que necessitaram de ventilação mecânica por mais de 48 horas em UTIP. As práticas nutricionais foram registradas durante a permanência na UTIP por no máximo 10 dias e os pacientes foram acompanhados durante 60 dias ou até a alta hospitalar.

Trinta e uma UTIPs de oito países participaram deste estudo, em que foram incluídos 500 pacientes com idade média de 4,5 (±5) anos. Mais de 30% dos pacientes apresentaram desnutrição grave na admissão na UTIP. A média de prescrição diária de energia e proteína foi de 64 kcal/kg e 1,7g/kg, respectivamente. A nutrição enteral (NE) foi usada em 67% dos pacientes e foi iniciada, na maioria dos casos, em 48 horas de admissão.

Foi fornecido apenas 38% da NE prescrita em relação às calorias e 43% da quantidade de proteínas prescritas. Os pesquisadores observaram que quanto maior o percentual de consumo de energia pela NE houve menor mortalidade (p=0,002). A mortalidade foi maior nos pacientes que receberam nutrição parenteral (p=0,008).
Outro dado importante foi a menor prevalência de infecções quando as UTIPs utilizaram protocolos de terapia nutricional (p=0,008), e essa associação foi independente da quantidade de energia ou proteínas ingeridas.

“Em resumo, nosso estudo demonstrou que o fornecimento da terapia nutricional é geralmente inadequado em diversas UTIPs do mundo. A maior ingestão de energia por via enteral foi associada com menor mortalidade, enquanto que o uso de nutrição parenteral foi associado com maior mortalidade. As UTIPs que utilizaram protocolos para o início e progressão da NE apresentaram menor prevalência de infecções. Portanto, fornecer adequadamente a terapia nutricional pode ser um caminho eficaz para melhorar resultados clínicos em crianças gravemente doentes”, concluem os autores.

Referência (s)

Mehta NM, Bechard LJ, Cahill N, Wang M, Day A, Duggan CP, Heyland DK. Nutritional practices and their relationship to clinical outcomes in critically ill children-An international multicenter cohort study. Crit Care Med. 2012 May 4. [Epub ahead of print]

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