Transplante fecal pode ser benéfico para pacientes com encefalopatia hepática

Postado em 13 de maio de 2017 | Autor: Alweyd Tesser

Pacientes com episódios recorrentes de encefalopatiahepática apresentam melhora cognitiva e um número significativamente menor deinternação hospitalar após o transplante de microbiota fecal do que após otratamento convencional, de acordo com um estudo apresentado durante o International Liver Congress 2017.

Durante 150 dias, pesquisadores acompanharam 20 homenscom cirrose tendo apresentado pelo menos dois episódios claros de encefalopatiahepática. Todos os pacientes tinham pontuação igual ou menor do que 17 naescala “modelo para doença hepática terminal” (MELD, do inglês Model for End Stage Liver Disease) etodos tomavam lactulose e rifaximina. Os 10 pacientes randomizados para o grupodo transplante fecal também receberam uma combinação de antibióticos em altadose durante cinco dias para limpar a flora intestinal e, no sexto dia, foramsubmetidos ao transplante fecal. A microbiota foi administrada por meio deenema.

A microbiota fecal veio de uma única deposição fecalproveniente de um doador de fezes escolhido racionalmente. Os pesquisadoresescolheram o doador da OpenBiome, umaorganização sem fins lucrativos em Massachusetts que fornece microbiota fecalpara médicos em todo o mundo. O doador foi escolhido por apresentar o melhorperfil de famílias de bactérias Lachnospiraceaee Ruminococcaceae, bactérias que, deacordo com os pesquisadores, indicam que tudo vai bem no nosso corpo.

Durante os 150 dias da pesquisa, foram hospitalizados 2pacientes no grupo do transplante e 11 pacientes no grupo de tratamentoconvencional. E alguns pacientes do grupo do tratamento convencional foramhospitalizadas mais de uma vez.

Os dois pacientes hospitalizados no grupo do transplanteforam internados por causa de dor precordial e por lesão renal aguda pordesidratação, motivos alheios à encefalopatia. Dois dos 11 pacientes do grupodo atendimento convencional hospitalizados por outras causas que não aencefalopatia hepática, foram internados por infecção por Clostridium difficile e por pneumonia.

Os pacientes no grupo do transplante também apresentarammelhora da função cognitiva – avaliada pela escala psicométrica daencefalopatia hepática (PHES, do inglês PsychometricHepatic Encephalopathy Score) e pelo teste de Stroop – desde o início doestudo até o 150º dia, melhora essa que não ocorreu entre os pacientes do grupode tratamento convencional.

O único paciente no grupo do transplante que apresentoupiora da função cognitiva teve níveis iniciais mais altos de Proteobacteria (umgrupo de bactérias que inclui patógenos como Escherichia, Salmonella, Vibrio e Helicobacter), e não respondeu ao transplante fecal.

O transplante fecal também restaurou significativamente adiversidade da flora microbiana intestinal, incluindo Lactobacillaceae e Bifidobacteriaceae,após a perda associada aos antibióticos, e não foi associado a infecção.

“Este estudo foi dedicado à avaliação da segurança enão podemos extrapolar. É muito cedo para chegar a outras conclusões. Mas agoraque a segurança não é um problema, o caminho está aberto para um estudo maisaprofundado sobre a importância clínica”, afirmam os autores.

Referência

McNamara
D. Fecal Transplant Safe for Hepatic Encephalopathy. Medscape Coverage from the
International Liver Congress (ILC) 2017. Disponível em:
http://www.medscape.com/viewarticle/879205. Acesso em: 11/05/2017.

Cadastre-se e receba nossa newsletter