Programa de controle de peso no tratamento de doença hepática não alcoólica

Postado em 3 de setembro de 2021 | Autor: Aline Palialol | Tempo de leitura: 4 min

O programa da perda de peso consistia em 3 fases e era acompanhado por uma equipe multidisciplinar

doença hepática não alcoólica

Quando o indivíduo está obeso, não é só o excesso de peso que prejudica seu corpo. A diabetes tipo 2, por exemplo, é uma condição fisiopatológica que tem íntima relação com a porcentagem de tecido gorduroso, no entanto, outras comorbidades estão associadas à obesidade e podem se manifestar até mesmo antes da diabetes.

Entre essas comorbidades, estão os distúrbios gastrointestinais como a doença hepática não alcóolica e o refluxo gastroesofágico. Para melhora dos sintomas dessas doenças, a perda de peso e a prática de atividade física são as principais condutas adotadas pelos gastroenterologistas pelos bons resultados que apresentam.

No entanto, sabendo da dificuldade que os pacientes demonstram em perder peso somente após orientações médicas, um estudo decidiu avaliar a eficácia de um programa de perda de peso com visitas regulares do profissional de saúde em comparação com a perda de peso do paciente que só recebeu orientação médica. Para essa pesquisa, 114 pacientes com doença hepática não alcóolica com ou sem refluxo com idade média de 55 anos e IMC médio 39 kg/m2, sendo 77 mulheres e 37 homens, foram acompanhados mensalmente durante 2 anos.

Esses pacientes foram acompanhados antes e depois do programa (maio de 2017 a maio de 2019). O período que antecede a intervenção reflete as tendências de peso corporal dos pacientes impulsionadas pelos esforços auto-direcionados apenas com orientação médica. Enquanto o período pós-intervenção demonstra as tendências de peso desses pacientes sob supervisão médica após a participação no programa.

O programa era acompanhado por profissionais da saúde incluindo nutricionista e médicos gastroenterologistas, além de um apoio comportamental com foco no empoderamento do paciente, mindfulness, educação alimentar e estratégias de modificação do estilo de vida. Eram 3 fases: a primeira trocava as refeições por uma alimentação de baixa caloria (800 kcal), a segunda fase era uma transição para alimentos sólidos e a última completava a transição com uma dieta mediterrânea ou à base de plantas.

Após 3 meses de participação nesse programa, 65% dos pacientes tiveram uma redução de 10% do peso corporal que, ao ser comparada com a perda de peso anterior à intervenção, teve um resultado melhor e mais rápido. Ademais, uma participação ≥ 50% nos grupos de apoio comportamental aumentou em 3% a perda de peso dos participantes.

E, além dos resultados na melhora dos sintomas ou na redução de medicamentos usados para o tratamento da doença hepática não alcóolica com ou sem refluxo, melhora nos sintomas da diabetes tipo 2 também foi notada em pacientes portadores dessa comorbidade. Esses resultados puderam ser alcançados, segundo os pesquisadores, porque além de uma maior frequência nas visitas médicas e um acompanhamento comportamental, os médicos tiveram apoio de uma equipe multidisciplinar, incluindo um nutricionista que tem mais conhecimento sobre técnicas de perda de peso do que o gastroenterologista.

 

Referência

Hawa F, Gladshteyn M, Gunaratnam S V, et al. (July 29, 2021). Effective Treatment of Nonalcoholic Fatty Liver Disease Using a Community-Based Weight Management Program. Cureus 13(7): e16709. doi:10.7759/cureus.16709

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