Vegetarianismo e outros fatores sociodemográficos e risco para câncer de mama

Postado em 13 de novembro de 2017 | Autor: Marcella Gava Brandolis

Câncer de mama é o câncer mundialmentemais comum em mulheres e fatores dietéticos como consumo de álcool e obesidadeforam associados com maior risco para seu desenvolvimento. A baixa incidênciade câncer de mama em mulheres asiáticas, onde a ingestão de produtos animais émenor que na população ocidental, levantou hipóteses de que a dieta vegetarianapoderia reduzir o risco da doença. Por este motivo, Gathani e colaboradoresinvestigaram o papel do vegetarianismo ao longo da vida na etiologia do câncerde mama em mulheres indianas.

Entre 2011 e 2014 foi conduzidoum estudo de caso-controle em oito hospitais indianos. Para o estudo foramselecionadas mulheres com câncer de mama diagnosticado nos últimos 6 meses(caso) e acompanhantes ou mulheres internadas no hospital por motivos alheios àcâncer (controle). Foram coletadas informações sociodemográficas, hábitodietético e dados reprodutivos. Foram aferidos peso e altura dos participantes,que também foram  questionadas sobre seupeso antes do diagnóstico. Foi definida como vegetariano os pacientes que nãoingeriam carne, frango ou peixe, e como vegetariano vitalício quem nuncaingeriu estes alimentos durante toda a sua vida. O consumo de ovo foiconsiderado parte da dieta vegetariana. Os indivíduos foram separados em gruposde 10 em 10 anos e ajustados por fator de risco, como IMC antes do diagnóstico,número de filhos e tempo de aleitamento materno, local de habitação e presençade água corrente na residência.

O grupo caso contou com 2101mulheres e o grupo controle com 2255 mulheres. A proporção de vegetarianismopor toda a vida foi de 29% no grupo caso e 25% no grupo controle, e o consumode ovos foi de somente 3%, incluindo casos e controle. O consumo de álcool etabaco foi virtualmente inexistente em ambos os grupos e em torno de 10% dapopulação estudada mascou tabaco e produtos sem tabaco. A média de IMCencontrada foi maior nas mulheres do grupo caso (25,4 kg/m2) que nocontrole (24,6 kg/m2). Nulíparas e ausência de aleitamento maternofoi raro em ambos os grupos, entretanto, no grupo caso o tempo de aleitamentomaterno foi em média 3,9 anos enquanto no grupo controle foi de 4,4 anos.

Os resultados da análisemultivariada mostraram que não há evidencia de qualquer diferença no risco decâncer de mama entre mulheres vegetarianas ou não. No entanto, o risco decâncer de mama foi associado com o tempo de aleitamento materno, IMC e local deresidência. Mulheres que amamentaram por 4 anos ou mais tiveram menos risco decâncer de mama que as que amamentaram por menos de 4 anos. O risco em mulheresobesas (IMC > 30 kg/m2) foi aproximadamente o dobro que emmulheres com IMC < 20 kg/m2. Mulheres que moravam em vilarejostinham 27% menos risco de desenvolver câncer de mama que mulheres que viviam emáreas urbanas.

Com estes resultados, os autoresconcluem que uma vida inteira de vegetarianismo parece não ter efeito sobre orisco de câncer de mama, mas que questões como aleitamento materno e IMC sãoimportantes fatores de risco nessa situação.

 

Referência:

Gathani T, Barnes I, Ali R,
Arumugham R, Chacko R, Digumarti R, Jivarajani P, Kannan R, Loknatha D,
Malhotra H, Mathew BS. Lifelong
vegetarianism and breast cancer risk: a large multicentre case control study in
India.
BMC Womens
Health. 2017 Jan 18;17(1):6.

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