Estudo avaliou a microbiota intestinal correlacionada com a quantidade de café consumida pelos indivíduos
Estudo investigou a interação entre microbiota intestinal, AGCC fecal e parâmetros relacionados a saúde em indivíduos classificados de acordo com seu consumo de café, a fim de aprofundar a associação da via do polifenol e alcalóide presentes nessa bebida. Assim, fizeram parte do estudo voluntários entre 19 e 95 anos com IMC entre 19 e 39kg/m². A ingestão alimentar foi calculada através de questionário de frequência alimentar semi-quantitativo. Foram aferidos peso, altura, calculado IMC e coletado amostras de sangue para quantificação de glicose, triglicerídeos (TG), colesterol total (CT), proteína C-reativa (PCR), malondialdeido e leptina sérica. Amostras fecais foram coletadas para análise da microbiota, identificação e quantificação dos grupos Akkermansia, Bacteroides-Prevotella-Porphyromonas, Bifidobacterium, Clostridia cluster, Faecalibacterium prausnitzii e Lactobacillus.
Fizeram parte do estudo 147 voluntários saudáveis. Os indivíduos foram classificados de acordo com o consumo de café, sendo que os classificados como não consumidores de café consumiam entre 0-3ml/dia, os consumidores moderados de 3-45ml/dia e os alto consumidores de 45-500ml/dia. Não foram encontradas diferenças significantes baseadas no consumo de café em nenhuma das variáveis analisadas, exceto pela idade, que foi menor entre os indivíduos que ingeriam mais café. Em relação a microbiota intestinal, somente foi encontrado um aumento significativo Bacteroides-Prevotella-Porphyromonas nos altos consumidores de café, que também apresentaram níveis mais baixos de lipoperoxidação. Não foram encontradas diferenças nos níveis fecais de AGCC, biomarcadores e peroxidação lipídica. Dentre os diferentes compostos analisados, os derivados do café apresentaram as maiores correlações com a microbiota intestinal. Enquanto metoxifenóis e alquilmetoxifenóis foram correlacionados com os níveis do grupo Bacteroides – Prevotella – Porphyromonas (r = 0,177 e 0,182, respectivamente), a ingestão de cafeína foi diretamente associado aos níveis fecais de Bacteroides (r = 0,200).
Assim, os autores concluíram que o consumo regular de café parece estar associado a alterações em alguns grupos bactérias intestinais, sendo que o polifenol e a cafeína podem ser responsáveis por este papel. A interação entre o consumo de café e a microbiota intestinal pode ser útil para o desenvolvimento de estratégias dietéticas focado em diversas patologias onde a concentração de Bacteroides foi alterada.
A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
Referência:
González, S., Salazar, N., Ruiz-Saavedra, S., Gómez-Martín, M., de los Reyes-Gavilán, C. G., & Gueimonde, M. (2020). Long-Term Coffee Consumption is Associated with Fecal Microbial Composition in Humans. Nutrients, 12(5), 1287.
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