Metanálise discutiu os efeitos da suplementação de vitamina C no período perioperatório de cirurgias cardíacas
A vitamina C é uma vitamina hidrossolúvel, também conhecida como ácido ascórbico, ascorbato (sua forma ativa) e ácido deidroascórbico, facilmente encontrada nos alimentos de origem vegetal, mas que pode ser sintetizada por plantas e animais a partir de D-glicose ou D-galactose. Dentre suas várias funções, destaca-se o poder antioxidante, apresentando a capacidade de captar os radicais de oxigênio, além de prevenir a peroxidação lipídica e a oxidação de LDL-colesterol.
Muito se discute sobre o papel da vitamina C nas doenças cardiovasculares (DCV). Embora ainda seja um assunto controverso, especula-se que essa prevenção da oxidação lipídica seja o principal mecanismo que explica o efeito benéfico da vitamina C na prevenção de DCV, sobretudo na prevenção do processo aterosclerótico. Além disso, a inflamação sistêmica de baixa intensidade também está presente nas DCV e as concentrações adequadas de ascorbato estariam relacionadas à manutenção da integridade endotelial e melhora da vasodilatação.
Cirurgias cardíacas estão associadas a um grande estresse oxidativo e inflamação sistêmica que podem aumentar o risco de disfunção orgânica pós-opertória, maior número de desfechos negativos e maior tempo de recuperação. Considerando o poder antioxidante da vitamina C questiona-se se a sua suplementação perioperatória apresentaria algum benefício
Em recente revisão sistemática e metanálise publicada na revista Nutrients, Hill e colaboradores reuniram estudos que avaliaram os efeitos da administração perioperatória de vitamina C versus placebo em mais de 2000 pacientes adultos submetidos à cirurgia cardíaca. Apesar da ampla variedade de protocolos adotados pelos estudos, incluindo a dose administrada que variou de 0,5g a 6g por dia, por via oral ou intravenosa, a suplementação com vitamina C diminuiu significativamente a incidência de fibrilação atrial (p = 0,008), tempo de ventilação (p <0,00001), tempo de permanência na UTI (p = 0,004) e tempo de internação hospitalar (p <0,0001), porém sem efeitos significativos na mortalidade hospitalar (p = 0,76) ou na incidência de acidente vascular cerebral (p = 0,82).
O papel antioxidante da vitamina C parece ser benéfico, também, para pacientes críticos, sendo que a suplementação de 3g/dia parece ter efeito positivo no tratamento de sepse, trauma e queimaduras graves. Da mesma forma, os efeitos da suplementação de vitamina C sobre o sistema imunológico também tem sido estudados. Parece que a doses profiláticas de 100-200mg/dia ou maiores para fase de tratamento tem efeito positivo na função de neutrófilos e linfócitos, melhorando a resposta imune. Em qualquer situação, deve-se considerar que mais estudos são necessários para provar a efetividade e a dose recomendada para a suplementação da vitamina.
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A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
Referências:
BERGER, Mette M.; STRAATEN, Heleen M. Oudemans-van. Vitamin C supplementation in the critically ill patient. Current Opinion In Clinical Nutrition And Metabolic Care, [s.l.], v. 18, n. 2, mar. 2015. Ovid Technologies (Wolters Kluwer Health). http://dx.doi.org/10.1097/mco.0000000000000148.
CARR, Anitra; MAGGINI, Silvia. Vitamin C and Immune Function. Nutrients, [s.l.], v. 9, n. 11, 3 nov. 2017. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/nu9111211.
COZZOLINO, Silvia M. Franciscato. Biodisponibilidade de nutrientes. 5ed. São Paulo: Editora Manole, 2016.
HILL, Aileen et al. Effects of Vitamin C on Organ Function in Cardiac Surgery Patients: A Systematic Review and Meta-Analysis. Nutrients, [s.l.], v. 11, n. 9, 4 set. 2019. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/nu11092103.
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