Comer mais frutas, legumes e verduras sempre fez parte de qualquer orientação nutricional. No entanto,…
A adoção de tecnologias da agricultura moderna otimiza a produção de alimentos, de forma sustentável
A agricultura surgiu a cerca de 12 mil anos. O seu desenvolvimento foi fundamental para a evolução da Humanidade e, mais do que nunca, tem sido alvo de grande preocupação ao pensarmos no contínuo crescimento da população mundial. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que hoje somos aproximadamente 7,8 bilhões de pessoas no mundo e a perspectiva é de que sejamos 8,5 bi em 2030, 9,7 bi em 2050 e 10,9 bi em 2100.
O rápido crescimento da população tem contribuído para discussões acerca do desenvolvimento agrícola e da segurança nutricional, já que, embora existam muitos fatores que viabilizam o bem-estar da população, um consenso é claro: sem alimento, não há vida. Nesse sentido, o segundo Objetivo do Desenvolvimento Sustável (ODS) proposto pela ONU inclui, justamente, medidas de combate à fome, alcance da segurança alimentar, melhoria da nutrição e promoção da agricultura sustentável.
Nesse contexto, é necessário entender os diferentes tipos de agricultura praticados atualmente.
Qual a diferença entre agricultura tradicional e agricultura moderna?
A agricultura tradicional, ou agricultura de subsistência, foi a principal forma de se cultivar plantas ao longo de milhares de anos, bem como pode ainda ser observada em pequenas propriedades, em que a produção atende o consumo próprio daqueles que plantam ou é destinada ao consumo da comunidade local.
Nesse tipo de agricultura, a produção acontece em pequena escala, não se utiliza maquinário, apenas ferramentas simples, como machado e enxada, e é marcada pela baixa produtividade. Além disso, nesse tipo de agricultura, nem sempre os produtores conhecem manejos atuais que possam minimizar eventuais impactos da atividade sobre o meio ambiente.
Por outro lado, a agricultura moderna, que nasceu após a Revolução Industrial, é caracterizada pelo uso intenso da tecnologia e dos avanços científicos para otimizar o processo produtivo.
Aqui, observa-se o uso de maquinários específicos que aceleram plantio e colheita, técnicas de irrigação modernas que visam melhor uso da água, conhecimento profundo do solo, que permite otimizar a adubação e escolha do tipo de plantio mais adequado, além da aplicação da biotecnologia, permitindo a seleção de sementes e espécies de plantas com características de interesse e que resultam em produtos mais saborosos, nutritivos e com tempo de vida maior. Além disso, essa agricultura utiliza práticas agrícolas e manejos avançados, muitas vezes desenvolvidos por órgãos de pesquisa, buscando aprimorar continuamente suas práticas para elevar a produção, aumentando a disponibilidade de alimentos acessíveis para a sociedade.
A grande maioria dos alimentos frescos encontrados hoje em feiras livres, por exemplo, originam-se desse tipo de agricultura.
A agricultura moderna leva em conta a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente?
Como já foi dito, o crescimento da população mundial aumenta a preocupação com a disponibilidade de alimentos para todas as pessoas, bem como a manutenção da saúde do planeta para que a produção de alimentos e a vida na Terra sejam viáveis.
Exatamente por isso, todas essas adaptações inseridas na agricultura moderna visam a otimização das áreas já disponíveis para o cultivo, para que no mesmo espaço seja possível produzir uma quantidade maior de alimento, de forma sustentável, utilizando menos insumos agrícolas e recursos naturais.
Exemplificando a importância dessas melhorias, nos últimos anos o Brasil aumentou em 300% a produção de grãos, porém aumentou apenas em 50% da área agrícola destinada a essa produção.
Vale destacar que apesar das estimativas de crescimento da população, há grande necessidade de desacelerar a expansão das terras agrícolas e a agricultura moderna desempenha um importante papel pois desenvolve soluções para proteção ambiental, especialmente por meio de esforços para descarbonização, adaptação climática e preservação da biodiversidade.
Quais são as vantagens desse tipo de agricultura no mundo atual?
Além de todas as vantagens da agricultura moderna já mencionadas aqui, no que diz respeito à segurança alimentar e à oportunidade de aplicação de novas tecnologias, cabe destacar seu papel no cumprimento das ações envolvidas nos Objetivos do Desenvolvimento Sustável (ODS), propostos pela ONU.
Além do já citado objetivo de “fome zero e agricultura sustentável”, a agricultura ainda contribui para a erradicação da pobreza, abre portas de trabalho descente e estimula a economia. Também contribui para a saúde e o bem-estar, uma vez que entre os produtos agrícolas estão grãos, hortaliças, legumes e frutas. E através das tecnologias utilizadas atualmente, faz uso sustentável de recursos como água e energia, bem como estimula a inovação.
Assim, entendemos que a agricultura tradicional, devido à produção em baixa escala, consegue atingir um número muito pequeno de pessoas. Além disso, é importante considerar que nem todas as regiões do planeta estão aptas à produção agrícola. Desta forma, os avanços tecnológicos aplicados na agricultura moderna permitem, não apenas a produção de alimentos em larga escala, como também a possibilidade de exportação e transporte de alimentos para regiões cuja produção local não é suficiente.
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Referências:
Food and Agriculture Organization
Gil, J.D.B., Reidsma, P., Giller, K. et al. Sustainable development goal 2: Improved targets and indicators for agriculture and food security. Ambio 48, 685–698 (2019).
Ramankutty, N. et al. Trends in Global Agricultural Land Use: Implications for Environmental Health and Food Security. Annual Review of Plant Biology, (2018).
Willett, W., Rockström, J. Loken, B. et al. Food in the Anthropocene: the EAT–Lancet Commission on healthy diets from sustainable food systems. The Lancet Commissions, (2019).
Parceria:
A Redação Nutritotal PRO é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
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